A pandemia de coronavírus impôs mudanças à rotina de toda a população. Para os profissionais de saúde que estão na linha de frente do enfrentamento à Covid-19, o impacto é ainda maior. Médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais são algumas das categorias que desenvolvem serviços essenciais e estão expostas diariamente ao risco de contaminação.
É o caso da médica veterinária Jane Cris de Lima, orientadora na Célula de Fiscalização e Inspeção de Serviços de Saúde da Vigilância Sanitária da Saúde do Ceará. Mãe de dois meninos, Jane está trabalhando na barreira sanitária montada no aeroporto de Fortaleza. Por causa da rotina de atividades, ela e os irmãos adaptaram as visitas à mãe.
“Todos lidamos com as mesmas recomendações, até porque nossa mãe tem 70 anos e faz parte do grupo de risco. Além disso, a gente se fala muito por vídeo chamada para matar a saudade”, revela Jane.
A médica veterinária já precisou ficar de quarentena enquanto aguardava o resultado do teste para cononavírus, que deu negativo. Ela conta que o mais difícil desse período foi ficar isolada dos filhos. “No período em que fiquei de quarentena, tive que dormir ouvindo meu filho mais novo chorar por não poder ficar próximo de mim. Foi muito difícil, mas medidas como essas são necessárias, porque entendo que cuidar é amar”, ressalta.
A saudade da filha também faz parte da rotina atual da enfermeira Marina Sobral. Profissional de saúde há seis anos, Marina trabalha na assistência e no Núcleo de Segurança ao Paciente e Qualidade Hospitalar do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), do Governo do Ceará. Desde que o isolamento social foi decretado, a enfermeira está morando sozinha e não encontra pessoalmente a filha Sofia, de dois anos e oito meses.
“Com um aperto no coração, mas por zelo à saúde da minha filha, precisamos mudar toda a rotina familiar. Na nossa realidade, a única alternativa foi me afastar fisicamente dela e de todos os meus familiares”, desabafa Marina.
A enfermeira encontra, na videochamada, a possibilidade de manter o elo afetivo com a filha.
“Falo com a Sofia diariamente. Procuro ligar e fazer vídeo chamada nos momentos da rotina dela, como na hora da alimentação, de dormir, do banho, até das brincadeiras. E ela sempre pergunta se a mamãe está cuidando das pessoas com ‘dodói’, e eu sempre respondo que sim, mas que estou cuidando dela também, sempre”.
Cuidados ao voltar para casa
Mesmo com o resultado negativo para coronavírus, Jane Cris reforça os cuidados fora e dentro de casa. Em ambientes externos, a médica veterinária sempre usa máscara facial e se mantém vigilante para não tocar no rosto.
“Tenho o que chamo de área suja na entrada de casa, onde todos deixam os sapatos. Tenho sempre álcool gel ou líquido em borrifadores e também uma solução de água sanitária diluída em água para limpeza das chaves e outros objetos. Toda a roupa que uso fora de casa é lavada imediatamente. Além disso, higienizo todas as compras e descarto todas as embalagens””, conta.
Além de manter os cuidados com a higiene, a enfermeira Marina prioriza a saúde mental dela. “No pouco tempo que estou em casa, gosto de ler um livro deitada na rede, assistir a uma série, fazer alongamentos e exercícios leves, cozinhar e dormir, sempre ouvindo música”, pontua.
Isolamento social
Respeitando o isolamento social, a população colabora com o trabalho dos profissionais de saúde e das demais categorias que atuam em serviços essenciais. Por enquanto, a prevenção é a única forma eficaz de combate ao coronavírus.
“Como ainda estamos suscetíveis ao coronavírus, é essencial manter o isolamento social. Quando se evita o contato com as pessoas em geral, está se evitando o contato com o vírus, pois a pessoa pode estar contaminada e não apresentar sintomas, mas contaminar outras pessoas”, ressalta a médica infectologista da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do HGF, Lucianna Auxi.
(*)com informação da SESA