Foto: Thiago Gaspar

“Extremamente emocionada. Por todos os colegas que estão se vacinando, por todos os profissionais que perderam suas vidas estando na linha de frente e pela alegria de saber que a ciência pode vencer, que o SUS venceu”. O depoimento da enfermeira Thaisa Sousa, vacinada no Centro de Eventos do Ceará, se assemelha ao de outros profissionais da saúde que estão sendo imunizados contra a Covid-19. Em comum, os sentimentos de emoção e alegria. Até esta terça-feira (26), 23.632 pessoas já foram imunizadas desde o início da vacinação, no dia 18 de janeiro, com a chegada das primeiras doses.

Depois de meses buscando maneiras de reinventar suas práticas de trabalho, aprendendo a lidar com uma ameaça desconhecida e presente em todos os locais, a palavra que os profissionais da saúde recém-vacinados trazem é esperança. Não apenas por si, nem só pela chance de rever os familiares e amigos que a pandemia isolou, mas pela oportunidade de reaver práticas em saúde que o coronavírus impediu.

Thaisa, que é residente no Hospital Albert Sabin, trabalha diretamente com crianças e conta que o processo de aprendizado é um desafio, quando pouco se sabe dos efeitos do vírus em crianças.

“É um momento de muitas dúvidas, mas vemos como a Covid pode ser agressiva na pediatria também. Além da preocupação com os pacientes, temos as preocupações pessoais, porque temos família e também adoecemos”, desabafa.

O medo de transmitir o vírus, especialmente em pacientes pediátricos, também é um receio da fisioterapeuta Luciana Mota. Ela atua no Hospital da Mulher e nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS), e diz que espera, ansiosamente, retomar a aproximação com os pacientes com paralisia cerebral e autismo que atende através de práticas integrativas. “O fisioterapeuta, como base da profissão, tem o toque como a principal via de contato com o paciente. Até o abraço que eu não posso dar nas minhas crianças é um desafio”, conta.

As práticas integrativas realizadas por Luciana também foram suspensas nos atendimentos em grupo dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Município. A psicóloga Daniele Tavares, que também recebeu o imunobiológico nesta segunda-feira (25), ressalta a saudade das atividades externas com os pacientes.

“Eu espero muito que possamos voltar a atuar nos territórios acompanhando os usuários. O que eu espero é ver a esperança novamente nas nossas vidas e nas nossas práticas porque ela foi apagada e agora é uma centelha que renasce”, comenta.

Daniele, que possui uma doença autoimune, viu de longe sua família contrair o vírus. O pai ainda sofre sequelas da doença, necessitando de oxigênio mecânico 24 horas por dia. Thaisa, que atua na UTI pediátrica, passou a morar sozinha para resguardar sua família, incluindo o avô idoso e a tia hipertensa. Luciana, mãe de duas meninas, teve que realizar atendimentos remotos para não expor suas filhas à Covid-19.

A emoção da vacina, para além de uma reaproximação familiar, é a esperança de proteger pacientes e colegas de trabalho. Para Thais,

“profissional de saúde não é super-herói, a gente é humano e também adoece, também tem medo. Estar na fila de imunização, na expectativa de que isso pare de levar os nossos e pare de ser tão assustador, é muito emocionante”, completa.

(*)com informação da Prefeitura de Fortaleza