As questões estruturais que favorecem o adoecimento mental de profissionais de segurança pública, que vêm crescendo de forma preocupante, não são tratadas de forma adequada. A análise é do policial federal Roberto Uchoa, graduado em Direito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No último domingo um policial civil matou quatro colegas na Delegacia Regional de Camocim. Três dias antes da chacina, uma psicóloga emitiu atestado de 15 dias de afastamento para o policial. Antônio Alves Dourado de 42 anos de idade, fazia acompanhamento psicológico há pelo menos um ano e tinha transtorno de ansiedade e depressão.
De acordo com o especialista em Direito Penal e Criminologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, as corporações precisam oferecer um local de escuta, visto que “não adianta chegar só no momento em que explode”. O policial frisa que há um meio que dificulta. “Ou a gente passa a observar e tratar isso com a devida atenção, ou, infelizmente, essas catástrofes continuarão a ocorrer. Suicídios ou atirando em colegas”, alerta Roberto Uchoa. Além disso, o policial destaca que é preciso modernizar a estrutura da corporação que, segundo ele, é ultrapassada e favorece o assédio moral. “São profissionais que atuam na sociedade. A gente não está tendo cuidado sequer com esse profissional que atende a população”, ressalta.