Delatores da Odebrecht afirmaram à Procuradoria-Geral da República (PGR) que, por determinação do senador Aécio Neves (PSDB), então governador de Minas Gerais, a empresa pagou propina de R$ 5,2 milhões na construção da Cidade Administrativa – nova sede do governo do Estado, erguida na gestão do tucano.

O ex-diretor de Infraestrutura da empreiteira, Benedicto Júnior, contou que, numa reunião no início de 2007, no Palácio das Mangabeiras, Aécio o comunicou que havia decidido pela participação da Odebrecht na obra, antes mesmo de a licitação ocorrer.

Nesse encontro, o tucano teria indicado Oswaldo Borges, seu contraparente e então presidente da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), para “acertar tudo a respeito”. A partir daí, a Odebrecht indicou seu superintendente em Minas, Sérgio Luiz Neves, para tratar de pagamentos e combinar as fraudes ao processo de concorrência.

A Odebrecht levou o lote 2, de R$ 360 milhões, em consórcio com a Queiroz Galvão e a OAS. Houve reuniões entre os empreiteiros escolhidos previamente para a obra, segundo ele, para tratar de detalhes da licitação e da desclassificação de concorrentes indesejados.

A Odebrecht, sozinha, faturou cerca de R$ 90 milhões com a Cidade Administrativa e teria repassado os R$ 5,2 milhões em propinas para Aécio por meio de vários pagamentos a seus intermediários. Alguns deles, segundo Benedicto, foram feitos diretamente a Oswaldo Borges na concessionária Minasmáquinas, de propriedade dele.

COM A PALAVRA, AÉCIO NEVES

Em nota divulgada nesta quarta-feira, 12, a assessoria de Aécio Neves afirmou que o senador “manteve diversos contatos sociais com o então presidente da Odebrecht, não tendo nunca solicitado doação de recursos originados de caixa 2”. Nesta terça, 11, a assessoria disse: “É falsa e absurda a acusação de que o senador Aécio Neves teria participado de algum ato ilícito envolvendo a Cidade Administrativa de Minas Gerais. O edital de licitação foi apresentado previamente ao Ministério Público Estadual e ao Tribunal de Contas do Estado. Todas as etapas das obras executadas foram acompanhadas pelos órgãos de fiscalização do Estado e auditadas por uma empresa técnica independente, contratada via licitação pública.”

Com informações O Estado de São Paulo