A retirada dos radares de controle de velocidade fez aumentar o número de acidentes graves nas estradas federais. Trechos de BRs que cortam cidades da Grande Fortaleza e do Interior também registram mudanças nas estatísticas de acidentes após a suspensão, pelo governo federal, das lombadas eletrônicas. Sem radares, os motoristas pisam mais forte no acelerador. Os levantamentos sobre a realidade nas rodovias federais, que hoje estão sem barreiras eletrônicas, estão publicados em reportagem deste domingo, pelo Jornal O Globo.
Nenhuma multa foi aplicada em setembro em 15 estados do país, entre eles Rio Grande do Sul, Ceará e Pernambuco. Nos demais estados, onde os casos contabilizados partiram de radares fixos instalados por concessionárias que administram as vias e ficam sob responsabilidade da PRF, foram registradas reduções significativas. A maior ocorreu no Paraná (99,5%).
Dados da PRF mostram que, nos quatro primeiros meses do ano, o país registrou queda de acidentes graves nas rodovias, mas em seguida, os casos passaram a subir. No acumulado entre janeiro e outubro, foram registrados 45,7 mil, contra 44,3 mil no mesmo período de 2018. Também houve crescimento de feridos graves e leves, de 62,5 mil para 64,6 mil. Já as mortes ficaram estáveis nos dez primeiros meses do ano, de 4.358 para 4.340 registros. No ano passado, no entanto, o país contabilizou queda de 16% frente a 2017, o que indica que a tendência de reduções anuais consecutivas observadas desde 2013 nas rodovias federais foi revertida.
A suspensão da fiscalização com radares móveis nas rodovias federais, determinada em 15 de agosto pelo presidente Jair Bolsonaro, levou a uma redução de 54% das infrações registradas em setembro pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por excesso de velocidade. É o que revela um levantamento do GLOBO e do SOS Estradas a partir de dados do órgão obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. A diminuição das multas aplicadas pela PRF ocorre enquanto o país volta a registrar, desde maio, alta de acidentes graves, aqueles com mortos ou feridos, nas BRs, após seis quedas anuais consecutivas.
Após os equipamentos portáteis deixarem de ser usados pelo governo federal, os casos com vítimas subiram 5,6% em setembro e 8,4% em outubro, ainda de acordo com números da corporação. A alta dos acidentes graves é motivo de alerta porque costumam ter relação com o excesso de velocidade.
Casos no Ceará
Em 2018, 179 pessoas morreram nas estradas federais que perpassam o Ceará. As mortes compõem a estatística de 1.284 acidentes com vítimas no Estado, registrada na Pesquisa CNT de Rodovias 2019.
De acordo com os dados, a rodovia BR-116, uma das principais no Ceará, concentrou a maior parte (667) dos acidentes gerais. A segunda e a terceira rodovias federais com mais registros de acidentalidade foram as BRs 222 (554) e 020 (368), respectivamente. Todas de entrada e saída de Fortaleza.
A maior parte das ocorrências foi registrada em vias consideradas pelo estudo como bem sinalizadas, com pavimento “ótimo” e geometria “regular”.