A sensibilidade do cérebro à insulina pode ser afetada pela fase do ciclo menstrual, mostra um estudo liderado por cientistas da Alemanha. Os autores descobriram que essa condição aumenta durante a fase folicular — do primeiro dia do ciclo até a ovulação. O mesmo processo, porém, não ocorreu na fase lútea, que começa com a pós-ovulação. A pesquisa publicada, recentemente, na revista Nature indica, ainda, que essa alteração no cérebro está ligada à sensibilidade ao hormônio no restante do corpo, um mecanismo relacionado ao surgimento do diabetes. Estudos anteriores apontaram que o cérebro é sensível à insulina, e que esse hormônio atinge neurônios especializados. A resistência cerebral pode levar a disfunções metabólicas em outros órgãos, incluindo fígado, músculos e tecido adiposo — importantes na regulação da glicose no sangue, fator relacionado ao diabetes. Já se sabe, também, que pode haver diferenças de gênero na regulação desse processo.

Em um segundo estudo, que envolveu mais 15 mulheres, os cientistas usaram exames de ressonância magnética para medir a sensibilidade à insulina no hipotálamo, região cerebral que controla funções como fome e sede. Essa avaliação também foi feita em combinação com a administração de insulina no cérebro por meio de spray nasal. Assim como observado no primeiro teste, os resultados mostraram uma marcada responsividade do hipotálamo à insulina na fase folicular, mas não na fase lútea, sugerindo resistência à insulina no cérebro nessa segunda fase. Os autores explicam que a insulina desempenha um papel central na regulação da glicose. Embora a ação desse hormônio seja vital em órgãos periféricos, o cérebro também exerce uma influência significativa no metabolismo sistêmico.