Os líderes das bancadas dos partidos na Câmara Federal deixarão os deputados livres para votarem no projeto de reforma previdenciária. Ou seja, não haverá fechamento de questão e as lideranças partidárias vão recomendar o voto com o governo, sem obrigar os deputados a seguirem a recomendação.

Na avaliação do Governo Federal, a postura dos líderes dos partidos aliados atrapalha a articulação do governo para conseguir os 308 votos necessários à aprovação da reforma na Câmara. O fechamento de questão sobre um tema é uma decisão tomada pela maioria da executiva nacional de um partido. Quando isso acontece, os parlamentares que votarem de forma diferente podem ser punidos até com expulsão do partido.

Há também o fechamento simbólico de questão. Nesse caso, porém, não costuma haver punição. Entre os partidos da base aliada que não devem fechar questão a favor da Previdência está o PMDB, sigla do presidente Michel Temer e que tem a maior bancada da Câmara, com 60 deputados.

Presidente do partido, o senador Romero Jucá (RR) diz que não há movimentação nesse sentido. O líder do partido na Câmara, Baleia Rossi (SP), evita falar em números de votos na bancada, mas diz que a sigla “não será problema para o governo”.

A maioria dos partidos do chamado Centrão deve seguir o PMDB. “Não tem como fechar questão num tema desses”, disse o líder do PR, José Rocha (BA). Segundo ele, “se forçar muito”, a bancada, que tem 37 deputados, poderá dar 15 votos a favor da reforma.

“Como nas votações anteriores, o PSD não fechará questão”, disse o líder da legenda, deputado Marcos Montes (MG), que comanda uma bancada de 38 parlamentares. Também integrantes do Centrão, PTB, Solidariedade, PSC, PRB dizem que a tendência é de não fechar questão. “Se fechar, vai machucar os três ou quatro que devem votar contra”, declarou o vice-presidente nacional do PTB, deputado Benito Gama (BA), um dos 17 parlamentares da bancada. O DEM, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também decidiu não fechar questão.

“Sem fechamento, mas com orientação a favor”, disse o líder da sigla, deputado Efraim Filho (PB). Partido com a segunda maior bancada na Câmara, com 47 deputados, o PP não garante que fechará questão. “O PP só fechará questão se tiver uma maioria esmagadora”, declarou o líder da legenda, Arthur Lira (AL).

Ele diz, porém, não saber ainda o placar de votos na bancada, pois não começou a ouvir os deputados. “Não sei de onde a imprensa tirou que vamos dar 40 votos. Mas nosso partido também não é dos piores”, afirmou.

O Presidente nacional do PSDB, Alberto Goldman, evitou se comprometer com o fechamento de questão. “Se houver uma decisão a esse respeito, a imprensa saberá no momento certo. Uma matéria dessas não se comenta pela imprensa”, afirmou. O partido apresentou ao governo uma série de sugestões de mudanças no texto da reforma.