Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada nesta sexta-feira (4), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a grande contribuição para o rendimento médio familiar vem do trabalho e das transferências, que reúnem programas sociais e aposentadorias, entre outros itens.

Segundo o gerente do estudo, André Martins, 57,5% do rendimento das famílias vêm do trabalho e a parcela que resulta da colaboração da transferência alcança quase 19,5%.

A contribuição não monetária aparece em terceiro lugar (14,5%), englobando tudo que a família adquiriu, como um presente recebido, por exemplo, mas não teve que desembolsar nenhum valor.

A soma de todos os ganhos gerou o rendimento total das famílias, em 2017/2018, equivalente a R$ 5.426,70. Para as famílias em áreas urbanas, o valor do rendimento e da variação patrimonial atingiu R$ 5.806,24, enquanto nas áreas rurais ficou em R$ 3.050,49. Isso significa que, em média, as famílias em situação rural receberam o equivalente a 52,3% dos valores auferidos pelas famílias em áreas urbanas, o que comprova uma diferença relevante entre as duas áreas.

Desigualdade

Pesquisadores do IBGE fizeram uma tabela para entender a desigualdade de contribuição das regiões brasileiras para a formação do rendimento médio da população. A média encontrada, segundo explicou André Martins, é puxada por um percentual menor de famílias, enquanto um percentual enorme de famílias, quase 80%, contribui com uma parcela reduzida dessa média total.

Analisando a pesquisa, observa-se que 7,3% das famílias moradoras na Região Norte contribuem com uma parcela de R$ 265,09 (4,9% do rendimento médio total de R$ 5.426,70).

Quando se examina a Região Centro-Oeste, as famílias contribuem com R$ 525,44. Esse valor, somado à contribuição do Região Norte, gera um acumulado de R$ 790,52. Juntas, 15% das famílias das duas regiões colaboram com 14,6% para a geração do rendimento médio total.

Sozinho, o Nordeste poderia dar R$ 921,45 de contribuição para a média total.

“Quando o Nordeste entra na brincadeira, você salta de 15% das famílias acumuladas e passa a ter 40,9% das famílias no estudo”.

A contribuição conjunta de Norte, Nordeste e Centro-Oeste atinge R$ 1.711, 97, ou 31,5% do rendimento médio total.

Com a entrada da Região Sul, somada às demais regiões, tem-se R$ 2.636,76 do rendimento médio. “Juntando as quatro regiões, você conseguiu  48,6% do total e já usou 56,3% das famílias”, destacou o pesquisador.

Com a inclusão da Região Sudeste, que determina a maior parte da renda (R$ 2.789,94), todas as famílias são usadas e isso completa a renda média de R$ 5.426,70. A conclusão é que os rendimentos são mais baixos em algumas áreas do país do que em outras.

Classes de rendimento

A contribuição das famílias, segundo as classes de rendimento, indica que, embora haja o rendimento médio nacional de R$ 5.426,70, a colaboração das famílias que recebem até dois salários mínimos, baseado em valores de 2018, atinge R$ 297,18, ou o equivalente a 5,5%.

Mas isso não significa que elas recebam esse valor de renda. O percentual resulta da divisão de R$ 297,18 pelo valor médio do rendimento total. Estão nessa classe 23,9% das famílias brasileiras.

“Você tem quase um quinto das famílias colaborando com 5,5% dessa renda total. Ou seja, elas recebem muito abaixo dessa média mensal familiar, desse rendimento total que está representando o Brasil”, disse Martins.

O gerente da pesquisa afirmou que, olhando pela outra ponta, constata-se que 97,3% do acumulado das famílias que ganham até R$ 23.850 colaboram com R$ 4.346,44 da renda média. Isso quer dizer que o restante para completar 100% das famílias, ou seja, 2,7%, contribui com a diferença entre R$ 5.426,70 e R$ 4.346,44, o que significa que a colaboração é de R$ 1.080,26. “Ou seja, esses 2,7% colaboram com quase 20% da média total”.

Essa média tem muita influência das pessoas que têm muito rendimento, revela o levantamento do IBGE.

“E as pessoas, que são a maioria e têm menor rendimento, não deixam isso ser maior. Elas puxam isso para baixo. É assim que a gente tem visto em todas as pesquisas”, acentuou André Martins.

Ele quer ver chegar o dia em que não seja mais preciso ter tão pouca gente que concentre tanto rendimento.

“Mas, por ora, a gente ainda tem uma pequena parcela da população que se apropria muito dos rendimentos totais gerados da população”, finaliza.

 

 

 

(*)com informação da Agência Brasil