Com a expectativa de superar a votação da denúncia da Procuradoria-Geral da República ainda em outubro, a equipe de comunicação do presidente Michel Temer vai tentar, a partir de novembro, “repaginar” a imagem do peemedebista, recordista de rejeição. A “narrativa” passaria de um presidente “reformista” para o “transformador”. A comunicação do governo deve buscar “traduzir” as ações de Temer para a sociedade, na tentativa de melhorar os índices de popularidade do governo, hoje nos 3%, o menor índice desde a ditadura militar.
Uma das ideias é criar uma espécie de “Plano Temer”, uma compilação de feitos do governo na área econômica e a promoção de medidas que virão no próximo ano. Se for mesmo aprovada, a reforma da Previdência seria um dos fios condutores do plano, que ainda está em fase de elaboração. Ontem no Rio, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a reforma será “menor do que o governo imaginava”.
O marqueteiro do presidente, Elsinho Mouco, tenta construir um discurso de que a guinada de Temer seria comparável à criação do Plano Real, lançado em 1994, e ao Plano Marshall — plano econômico criado no pós-Segunda Guerra Mundial para reconstruir os principais países capitalistas afetados pela guerra.
— Vamos construir um compilado de ações do governo, que eu, por enquanto, batizei de Plano Temer. A ideia é ter o tamanho de um Plano Real, ser um Plano Marshall moderno — disse o marqueteiro.
Uma das principais dificuldades, segundo Mouco, é melhorar a imagem junto aos internautas que acessam o Portal Brasil, site do governo federal, que ainda é diariamente alvejado por comentários negativos sobre a gestão Temer. O marqueteiro, responsável pelo monitoramento das redes do Palácio do Planalto, diz que, dos 11 milhões de acessos totais ao portal, 7 milhões são de militantes do PT. De cada dez acessos ao Portal Brasil, seis ainda são de opositores.
Nas redes sociais, uma das estratégias frequentes é o “vomitaço”, uma repetição orquestrada de bonequinhos vomitando. Para minimizar a repercussão negativa, esses comentários são recorrentemente deletados:
— Temos que mudar esse algoritmo, diminuir essa onda de petistas.
Logo que assumiu a Presidência, após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o governo já tinha uma das piores avaliações desde o fim da ditadura: 13%, segundo o Ibope, aproximando-se dos momentos mais críticos da petista e dos ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor. Na última quinta-feira, a aprovação aferida pelo instituto foi de 3%, a mais baixa em três décadas.
Na tentativa de suavizar a imagem, Temer já distribuiu presentes de Natal para crianças no Planalto, vestiu a touca da seleção brasileira de polo aquático, lançou mão do pulôver à la João Doria, prefeito de São Paulo ,e até abandonou as mesóclises em discursos ainda nos primeiros meses de governo. Contudo, a imagem ainda é negativa. No Instagram, por exemplo, o perfil de Temer não permitem que internautas deixem comentários.
Com informações O Globo