Os primeiros meses foram de boas chuvas no Interior do Ceará e na Grande Fortaleza. O cenário de bonança gera alívio para os cearenses, mas ainda deixa muitos em dúvida sobre a real situação hídrica do Estado. Em entrevista, nesta terça-feira (31), ao Jornal Alerta Geral (FM 104.3 – Grande Fortaleza + 25 emissoras no Interior + Internet), o secretário de Recursos Hídricos do Estado, Francisco Teixeira, falou sobre a realidade dos reservatórios e açudes que abastecem as famílias do Ceará.
Inicialmente, ao falar sobre o impacto das chuvas, Teixeira pontua que a quadra chuvosa tem sido mais bem distribuída, que a recarga dos açudes está ocorrendo de melhor forma e que, atualmente, os reservatórios já estão com 26% da reserva hídrica somente devido ao aporte dos meses de janeiro, fevereiro e março.
“As recargas não foram representativas na Bacia do Curu, na Bacia do Banabuiu e, na Região do Jaguaribe, como também na Região Metropolitana de Fortaleza, mas as chuvas tem sido melhor distribuídas no interior do Ceará e hoje já temos passado dos 25%, chegando aos 26% de reserva hídrica em nossos reservatórios. Vamos ver no decorrer de abril e maio“, diz o secretário, que, nesta entrevista, fala, ainda, sobre as obras do Cinturão das Águas e da Transposição do São Francisco.
Perguntado pelo jornalista Luzenor de Oliveira sobre a previsão para os próximos meses, Francisco Teixeira disse que, em abril, as chuvas deverão continuar na mesma intensidade, mas, a partir de maio, haverá mudança. ‘’Segundo o prognóstico da Funceme, nós ainda teremos chuvas acima da média no mês de abril, havendo uma redução no mês de maio, podendo estar ou não dentro da média, mas com as chuvas no mês de abril se concentrando ainda em todo território cearense e, no mês de maio, com uma concentração maior na região litoral”, observou.
CASTANHÃO E ORÓS
Em seguida, o secretário da pasta dos Recursos Hídricos detalha como está a situação dos maiores reservatórios do Estado (Castanhão e Orós) após esse período de intensas chuvas que que banharam muitas regiões do Ceará e fizeram com que 33 açudes sangrassem conforme a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (COGERH).
“Ele (castanhão) iniciou a quadra chuvosa com 170 milhões de metros cúbicos e agora se encontra com 610 milhões, ou seja, o Castanhão pegou mais de 400 milhões de metros cúbicos nos últimos dias, tendo um estoque de água que representa algo em torno de 9,12% de sua capacidade’’, revelou Teixeira, para, em seguida, falar sobre o segundo maior reservatório de águas do Ceará, que é o Açude Orós, na Região Centro Sul do Estado.
“Já o reservatório do Orós, que iniciou a quadra chuvosa com pouco mais de 90 milhões de metros cúbicos, se encontra hoje com quase 300 milhões, ou seja, o Orós pegou mais de 200 milhões nos últimos 15, 20 dias. Estando aí com amais de 15% da sua capacidade”.
SINAL AMARELO
Francisco Teixeira disse que a situação ainda é crítica, mas que a recarga foi representativa e que agora é ficar, segundo afirma, no aguardo por mais chuvas no mês de abril a fim de que mais recargas possam chegar ao Orós e ao Castanhão, sendo algo muito importante para o sustento da população cearense, sobretudo no interior do Estado.
Perguntado sobre o andamento nas obras do Cinturão das Águas, empreendimento importante para milhares de famílias cearenses, o secretário diz que as ações no local foram um pouco desaceleradas devido as chuvas intensas, mas que prosseguem em andamento e ainda dentro dos prazos divulgados pelo órgão estadual.
“O projeto do Cinturão das Águas continua com suas obras em andamento. Devido às chuvas mais intensas na região Sul do Estado, principalmente ali na região do Cariri, as obras tiveram sua velocidade prejudicada nesse início de ano. Ano passado o que atrapalhou foi a falta de repasse dos recursos federais, mas no final do ano a situação financeira foi normalizada”
Ele ainda menciona o repasse do governo federal de R$ 60 milhões de reais, dinheiro que está no caixa do governo e que se soma a contrapartida de investimento do estado para dar continuidade ao Cinturão das Água na conclusão do eixo emergencial, bem como no lote 3 e lote 4 do empreendimento.
Por fim, o secretário dá destaque ao curso das obras de transposição do Rio São Francisco. Segundo ele, as obras continuam ocorrendo mesmo nesse período de crise do coronavírus, embora também tenham sofrido prejuízos devido a chuvas intensas caídas na região do sertão pernambucano. Ele diz que não há informações mais recentes do Ministério do Desenvolvimento Regional sobre os prazos, mas no que no decorrer do ano as águas devem estar chegando.
Confira íntegra da entrevista!