Os deputados federais e pré-candidatos às eleições de 2022 que já se preparavam para desembarcar no PL estão dando meia volta à espera da definição sobre o rumo partidário do presidente Jair Bolsonaro. Sem receber a segurança sobre o controle dos diretórios estaduais do PL, Bolsonaro decidiu adiar a filiação à sigla que estava marcada para o próximo dia 22. A decisão gera incerteza para os dirigentes nacionais do PL que já não dão mais como certa a chegada do Chefe da Nação.

As conversas e a troca de mensagens, no final de semana, envolvendo lideranças nacionais do PL e os conselheiros políticos do Palácio do Planalto continuam no feriado da Proclamação da República. As informações de bastidores apontam que Bolsonaro vai esperar o resultado das prévias do PSDB que, no próximo dia 21, escolherá entre os Governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, quem será o candidato do partido à Presidência da República.

Preocupado com os rumos do PL no maior colégio eleitoral do País, Bolsonaro não aceita que o Diretório Estadual do Partido fique livre para apoiar um candidato ao Governo de São Paulo de acordo com as conveniências locais. Hoje, o PL integra  a administração João Doria e estará na aliança do vice-governador Eduardo Garcia que deverá ser lançado pelo PSDB à sucessão estadual.

Sem o controle do Diretório do PL em São Paulo, Bolsonaro espera o resultado das prévias do PSDB. Se Doria perder a disputa para o Governador do Rio Grande do Sul, na avaliação de aliados ao Palácio do Planalto, poderá voltar a ser candidato à reeleição, abrindo, assim, a possibilidade do vice-governador Eduardo Garcia se filiar ao PL. São costuras que estão sendo feitas, mas o resultado dessas articulações depende da escolha do candidato do PSDB à Presidência da República. Mesmo que saia derrotado, Doria já garantiu que não disputará a reeleição ao Governo de São Paulo.

Os dirigentes nacionais do Partido Liberal se reúnem na quarta-feira para avaliar o impasse na filiação de Bolsonaro e traçarem novos planos para a sigla como alternativa para atrair o grupo bolsonarista. O presidente Bolsonaro disse, nesse domingo, que a filiação a um partido deve ser como um casamento, ou seja, perfeito, e manifestou essa preocupação ao presidente da Executiva Nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

“O casamento tem que ser perfeito. Se não for 100%, que seja 99%. Se até lá nós afinarmos pode ser, mas eu acho difícil essa data, 22. Tenho conversado com ele [Valdemar], estamos de comum acordo que podemos atrasar um pouco esse casamento, para que ele não comece sendo muito igual aos outros”, destacou Bolsonaro, que, em sua trajetória política iniciada em 1989, já passou oito partidos – PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP (antigo PPB), PSC e PSL.