O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) está prestes a desligar, por falta de recursos e pela primeira vez na história, o supercomputador Tupã responsável por previsões de tempo e clima, tratamento e coleta de dados meteorológicos, emissão de alertas climáticos e pesquisa e desenvolvimento científico. A previsão é que o desligamento deve ocorrer no máximo em agosto.

Diante da grave crise hídrica que atinge o País, o Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) encaminhou representação ao Ministério Público, federal e estadual, solicitando com urgência a manutenção do monitoramento meteorológico e um plano de contingência para a crise.

O documento foi enviado também ao Tribunal de Contas da União (TCU) e às defensorias públicas das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. A diretoria do Inpe prevê o desligamento de pelo menos uma parte da operação do Tupã, o que pode interromper pesquisas em andamento e o fornecimento de dados meteorológicos. 

“Haverá prejuízos, por exemplo, no monitoramento de queimadas no Brasil, assim como estiagens e mudanças climáticas no País, que potencializam os danos à biodiversidade”, aponta Yara Schaeffer-Novelli, professora da Universidade de São Paulo (USP). 

Em 2021, o Inpe recebeu o menor orçamento da história do governo federal. Dos R$ 76 milhões previstos, só foram liberados até o momento R$ 44,7 milhões. O restante continua contingenciado, sem previsão de ser entregue, conforme dados do próprio instituto. Apenas como energia elétrica, o supercomputador Tupã consome R$ 5 milhões por ano.

O Proam e outras instituições assinaram uma carta aberta às autoridades frente à crise climática de 2021, solicitando um plano de contingência com participação da sociedade civil, evitando o foco mais restrito à geração de energia, o que poderia levar o Brasil a adotar usinas termelétricas, que emitem gases efeito estufa.

Para Carlos Bocuhy, presidente do Proam, “é inaceitável que em um momento como esse, diante da crise hídrica esperada no segundo semestre, com aumento dos preços da energia e risco de racionamento de água, o supercomputador seja desligado, com o argumento de falta de verbas”.

(*) Com informações Estadão Conteúdo