Descontente com os rumos do PDT no Governo Elmano de Freitas, o senador Cid Gomes não conseguiu emplacar nomes de aliados no primeiro escalão da nova administração estadual e, ao traduzir a sua insatisfação, trocou o calor da Lagoa do Uruá, em Beberibe, pelo frio da Serra da Meruoca.

O PDT herda, porém, três postos no primeiro escalão do novo Governo. As secretarias ficam bem distantes dos desejos da cúpula pedetista. Cid queria a Infraestrutura para o irmão Lúcio Gomes. A pasta terá como destinatário o ex-prefeito de Pereiro, Antonio Nei, indicado pelo primeiro suplente de senador Chiquinho Feitosa.

O PDT queria a Educação para Idilvan Alencar e teve que se conformar com a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH). Idilvan foi preterido pelos petistas porque queria o controle total da Secretaria da Educação, o que daria capilaridade para manutenção do poderio eleitoral que o levou, em 2022, à reeleição.

CONFORTO PARA VAGA NA CÂMARA

A SRH é a maior conquista para o PDT, o que garante, com a entrada do deputado federal Robério Alencar para o Secretariado, a convocação do suplente Lêonidas Cristino. O grupo de Cid Gomes, que controla há 22 anos a Prefeitura de Sobral, não queria começar uma nova legislatura sem um deputado federal aliado que representasse a Região Norte do estado na Câmara. Elmano reconheceu a importância da vaga para o PDT da Região Norte e criou as condições para Leônidas continuar na Câmara.

SALMITO X ORIEL

Além de Robério Monteiro, o PDT terá dois deputados estaduais no Secretariado – Oriel Nunes Filho (Pesca e Aquicultura) e Salmito Filho (Desenvolvimento Econômico). Salmito e Oriel representam as duas correntes que marcam a divisão interna no PDT. Com o afastamento dos dois deputados da atividade parlamentar, os suplentes Bruno Pedrosa e Antonio Granja assumirão mandatos a partir do dia primeiro de fevereiro de 2023.

Salmito, identificado com Camilo Santana, defendeu a candidatura de Izolda Cela ao Palácio da Abolição e foi excluído pelo grupo que lançou o ex-prefeito Roberto Cláudio ao Palácio da Abolição. Manteve-se, porém, fiel a Camilo. Desde o início da campanha, Oriel se engajou à campanha de Roberto, mas, dentro do PDT, representou uma das vozes favoráveis ao alinhamento com o Governo Elmano.

TENSÃO NOS BASTIDORES

Os últimos 20 dias foram de tensão nas conversas entre as lideranças estaduais do PDT, o senador eleito Camilo Santana e o Governador Elmano de Freitas. Elmano ouviu cobranças e pressões dos pedetistas, sinalizou com a abertura de espaços no secretariado para o PDT, mas, com gestos, diálogo e ponderações, chega à véspera da posse sem atender aos apelos – ou, para alguns, a imposição da sigla comandada pelo senador Cid Gomes.

Sem unidade interna, o PDT, com 13 deputados estaduais, passa a ser aliado do Governo Elmano na Assembleia Legislativa. As primeiras votações no início da nova legislatura, que começa no dia primeiro de fevereiro de 2023, dirão se a bancada votará unida ou ficará dividida na apreciação de projetos e mensagens oriundas do Poder Executivo. Sem quais forem os desdobramentos dos novos rumos do PDT, há, nesse momento, uma certeza: Elmano de Freitas não aceitou ser atropelado pelo comando estadual do PDT. Há ainda outra certeza: o senador Cid Gomes perdeu força entro e fora do PDT.