A Semana Santa começa na quinta-feira, 29, mas a véspera de feriado, que costuma deixar o Congresso Nacional com baixo número de parlamentares, promete trazer temas áridos, como a votação de um projeto para crimes relacionados à pirataria e a criação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), ao legislativo federal.
Prevendo a falta de quórum, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu prioridade na instalação das 25 comissões técnicas. Além de suas funções normais, os colegiados são tratados como trunfo em ano eleitoral e podem fortalecer os candidatos que os presidirem.
“Tradicionalmente, a Câmara costuma ter o quórum mais baixo nesses feriados, especialmente quando é algo religioso como a Semana Santa. Acredito que muito do que está na agenda não terá força para ser votado justamente pela falta de gente para votar. Por isso, devemos passar os próximos dias dedicados às comissões. Sem elas, a Casa não anda. Não dá para votar nem discutir PECs. Acho que a gente precisa resolver isso com a maior urgência”, disse o líder do PSB, Júlio Delgado (MG).
O deputado acredita que a votação do Susp deverá ser remarcada, assim como o debate envolvendo o aumento da pena para os crimes de pirataria. A discussão sobre os pareceres preliminares referentes aos processos contra os deputados Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), Paulo Maluf (PP-SP), Celso Jacob (MDB-RJ) e João Rodrigues (PSD-SC), que também estão na pauta da Casa, também podem ficar para depois. “São assuntos muito importantes, realmente é uma semana atípica, mas, infelizmente, caiu em um período muito difícil”, complementou Delgado, que, ainda se recuperando de uma gripe, pretende trabalhar de hoje a quarta.
José Rocha (PR-BA) também promete que estará na Câmara durante este período. “Temos bastante coisa para resolver. Acredito que as comissões têm seu papel, mas o resto não pode ficar para depois.”
Integrantes de gabinetes tucanos e do MDB, no entanto, foram avisados de que “pouca gente deve vir para Brasília nos próximos dias”. Alguns desses parlamentares disseram ao Jornal Correio Braziliense que os parlamentares “até desmarcaram compromissos”, e que, “se alguém aparecer, é por causa da audiência pública marcada com a (procuradora-geral da República, Raquel) Dodge”. A solenidade será às 14h30 de amanhã, no plenário. O debate é sobre licitações e, provavelmente, terá contornos sobre a corrupção no País.
Pauta econômica
Mesmo com a semana parada, os parlamentares defendem a necessidade de votação de algumas matérias importantes, principalmente as econômicas. O líder do PPS, deputado Alexandre Manente (SP), afirmou que é preciso pautar o projeto de reoneração da folha, que aumenta a tributação sobre os salários de alguns setores. A equipe econômica do Governo e o relator do texto, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), divergem quanto ao número de áreas que seriam afetadas.
Os recursos serão usados para compensar os gastos do Executivo com o novo Ministério da Segurança Pública e com a intervenção no Rio de Janeiro. “É um consenso de que a matéria precisa ir para votação e pode ocorrer a partir de amanhã”, defende Manente.
O líder do PRB, deputado Celso Russomano (SP), também alega que a proposta sobre o cadastro positivo também precisa ser votada nesta semana. O texto amplia o acesso dos bancos a informações de crédito e inadimplência dos consumidores, permitindo o compartilhamento de dados entre as instituições.
“Agora que há o acordo de que não será possível quebrar o sigilo financeiro (do cliente), será possível votar o projeto. Chegamos a um consenso e provavelmente será apreciado nesta semana”, avalia o parlamentar. O Banco Central busca, com o projeto, melhorar as condições de financiamento e aumentar a competição entre as empresas.
Com informações do Jornal Correio Braziliense