Discussão sobre os desafios do controle das arboviroses reuniu público numeroso e heterogêneo na segunda-feira (27), durante o seminário “Chikungunya, conhecer para prevenir e combater – Experiências e atitudes no enfrentamento do Aedes aegypti”, promovido pela Frente Parlamentar de Combate ao Aedes Aegypti da Assembleia Legislativa do Ceará. Com a presença de parlamentares, especialistas, gestores e técnicos da área da saúde, representantes de instituições de ensino e pesquisa, empresários, sociedade civil e de mais de 70 municípios, o seminário lotou o auditório João Frederico Ferreira Gomes do Edifício José Euclides Ferreira Gomes, no anexo II da Assembleia, para apresentação de experiências vitoriosas de combate ao mosquito e controle da dengue, zika e chikungunya..
O presidente da Frente Parlamentar, deputado Carlos Matos, defendeu a articulação entre os três níveis de governo e a mobilização da população como fundamentais para o sucesso no combate ao Aedes aegypti. “Estratégia contra o mosquito é a unidade, União, Estado e municípios juntos”, sentenciou. O secretário da Saúde do Ceará, Henrique Javi, acrescentou que “o mais importante é a constância” da mobilização e das ações. “Essa mobilização não pode parar”, asseverou o secretário, apontando que entre 60% e 70% dos criadouros do mosquito estão dentro dos ambientes domésticos.
Na primeira conferência do dia, os médicos infectologistas Melissa Falcão e Robério Leite compartilharam suas experiências no manejo de pacientes adultos e crianças com chikungunya. Melissa Falcão apresentou as estratégias de assistência durante surto da doença em Feira de Santana (BA). Médico do Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), do Governo do Ceará, Robério Leite mostrou entre 2016 e os primeiros meses de 2017 o percentual de menores de 20 anos acometidos pela chikungunya aumentou de 14,6% para 20,3%.
A experiência vitoriosa de combate ao mosquito em Goiás foi apresentada pelo secretário da Saúde daquele estado, Leonardo Vilela. A mobilização “Goiás decide erradicar o Aedes – Atitude é tudo” adaptou uma plataforma do Corpo de Bombeiros de monitoramento de incêndios em florestas para o Conecta-SUS, sistema de monitoramento da Secretaria da Saúde de Goiás, para acompanhamento em tempo real da situação de equipamentos, ações e indicadores de saúde do estado. Com isso, contou o secretário, é possível monitorar os níveis de infestação predial pelo mosquito em todos os imóveis visitados nos 243 municípios do Estado.
Iniciado em 2016, o programa registrou entre janeiro e março do ano passado 86 municípios com alto risco de infestação. No mesmo período deste ano, apenas quatro municípios estavam com infestação predial acima de 4%. “A infestação caiu em quase 90% e as notificações de dengue em 90%”, relatou Leonardo Vilela. A secretaria estadual da Saúde estabeleceu uma pauta de ações aos municípios que inclui 12 ciclos do Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (LIRAa), ao invés de seis, como é realizado no resto do país, a participação dos bombeiros na organização da mobilização mensal nos municípios, acompanhamento diário dos dados de campo e cobrança de metas via Conecta-SUS, com alimentação diária das visitas domiciliares dos agentes de endemias. Um sistema de premiações semestral com recursos extras contemplou, em junho 2016, 30 municípios que eliminaram o Aedes aegypti e, em dezembro, quatro municípios goianos.
O coordenador geral dos Programas Nacionais de Controle e Prevenção da Malária e das Doenças Transmitidas pelo Aedes aegypti, Divino Martins, apresentou à tarde um painel sobre “Políticas públicas, estratégias e ações” preconizadas pelo Ministério da Saúde para o combate ao mosquito. Em seguida, a bióloga Richristi Gonçalves, do Núcleo de Controle de Vetores (Nuvet) da Secretaria da Saúde do Ceará, dividiu com o representante da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Ademir Martins, a conferência “O Aedes aegypty e os desafios para o controle”.
O Ceará registra redução de 65,3% nos casos confirmados de dengue entre 2016 e 2017, nas 12 primeiras semanas epidemiológicas do ano. De acordo com o Boletim Epidemiológico das Arbovirorses (Dengue, Chikungunya e Zika), de 24 de março, foram confirmados este ano 2.387 casos da doença, sem óbito. Foram confirmados, ainda, 1.867 casos de chikungunya, com um óbito, e 29 casos de zika.
Com informação da A.I