Os relatos dramáticos dos profissionais de saúde, a superlotação de hospitais, a falta de medicamentos usados para salvar a vida dos pacientes, os estudos de especialistas da área sanitária, as cobranças dos governadores e prefeitos e a mobilização de lideranças empresarias ganharam eco e levaram os senadores a assinarem, nesta segunda-feira, uma moção mundial com apelo internacional para o fornecimento de vacinas ao Brasil contra a covid-19.

Dos 81 senadores, 65, até o final da tarde tinham assinado o documento que será votado, nesta terça-feira, pelo Plenário do Senado. Os senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Cid Gomes (PDT) tem sido críticos na demora do governo federal em buscar os caminhos da conciliação nacional para unir forças e buscar imunizantes em outros países. Além da vacina, a preocupação agora é com a falta de medicamentos que entra, também, na agenda internacional.

Diante de tantos contratempos, os senadores redigiram uma moção de apelo internacional chamando a atenção do mundo para a necessidade de o Brasil obter vacinas contra a covid-19. Após aprovada, a moção será encaminhada a todos os países membros do G20, organismos da Organização das Nações Unida s, especialmente a Organização Mundial da Saúde (OMS), países da OCDE e parlamentos europeu e inglês e Congresso americano.

O documento será encaminhado, ainda, para  embaixadores do Brasil no mundo, embaixadores estrangeiros no Brasil, empresas produtoras de vacinas, a todos os presidentes das comissões de Relações Internacionais dos principais países e aos veículos de imprensa nacional e internacional. 

URGÊNCIA NA VACINAÇÃO

A Presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado,  senadora Kátia Abreu (PP-TO), apresentou, durante a reunião da Comissão Temporária da Covid-19, nesta segunda-feira,  um relatório segundo o qual o Brasil precisa de 100 milhões de doses de vacinas contra a doença com urgência, para que um terço da população seja imunizada e a curva de infecção diminua.

Kátia menciona, nesse relatório, publicação da revista digital Science Magazine, segundo a qual 11 países compraram vacinas em número muito maior ao de habitantes, havendo assim cerca de 3 bilhões de doses que provavelmente não serão utilizadas, e uma parte desse montante poderia ser cedida para o Brasil.

A ideia dos senadores é obter as 100 milhões de doses, a fim de adiantar o cronograma de vacinações apresentado pelo Ministério da Saúde, sendo possível inclusive devolver as que sobrarem, para que outras nações também sejam beneficiadas.
 

‘’Essa moção de apelo é chamando a atenção para essa questão superimportante de que o Brasil precisa de vacina já. Como nós tivemos a 1ªGuerra, a 2ª Guerra Mundial, e o Brasil foi solidário em todas as duas (o mundo foi solidário, o mundo se uniu), nós estamos na 3ª Guerra Mundial: uma guerra sanitária que mata sem armas de fogo nem armas nucleares’’, disse Kátia Abreu, ao expressar a gravidade da crise sanitária no Brasil.

APELO INTERNACIONAL

O relator da comissão, senador Wellington Fagundes (PL-MT), reforçou o apelo endereçado aos países que têm vacina em estoque pelo mundo, principalmente Estados Unidos, para que transfiram ao Brasil esses lotes excedentes. Para o parlamentar, a medida se configura num “legítimo e oportuno exercício de diplomacia”.

Wellington também ressaltou o papel do Senado nessa negociação, já que a Casa, conforme afirmou, detém um conjunto de prerrogativas “relevantes e insubstituíveis” na conduta da política externa.

Com informações da Agência Senado