O compromisso com a ética na política, com a administração pública zelosa e, acima de tudo, voltada ao bem-estar da população mais pobre, sem perder de vista o equilíbrio entre as boas práticas econômicas e o desenvolvimento social do País, permeiam a trajetória do ex-governador e ex-senador Tasso Jereissati que o levam a uma lúcida leitura sobre os descaminhos desses dois primeiros meses do Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Um dos pontos mais positivos que podem ser extraídos das declarações de Tasso ao Jornal O Estado de São Paulo é a sensatez, a coerência e a transparência dos seus atos e das suas ações. Tasso confessa, sem arrependimento, o seu engajamento para defender, no segundo turno da eleição de 2022, o nome do então candidato Lula ao Palácio do Planalto.
O gesto, justificado pelas suas convicções políticas, sociais, ideológicas e cidadãs, retratou naquele momento o único caminho que o ex-governador do Ceará imaginou representar como o mais seguro para as atuais e futuras gerações de brasileiros. Ou seja, o caminho da democracia!
Tasso, a exemplo de milhões de eleitores, temiam que, com Bolsonaro, ao estilo adotado nos primeiros quatro anos de gestão, o Brasil entrasse no atalho de um regime de restrições constitucionais.
Tasso, ao declarar voto no líder petista, não abriu mão da sua linha de pensamento e prática política, nem assumiu as bandeiras erguidas pelo Partido dos Trabalhadores. Manteve discordância de muitos pontos do programa de Governo do PT. Viu, porém, que, na encruzilhada, não existia outra alternativa.
Empresário bem sucedido, exemplo de homem público retilíneo que, com esmero e dedicação, fez as mais profundas transformações políticas, econômicas e sociais da história do Estado do Ceará, Tasso Jereissati não titubeou e deu a sua contribuição para a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.
Ficou sempre reticente, fez ponderações, alimentou esperanças e, ao sonhar com um novo horizonte, apostou e acreditou que o discurso do então candidato Lula, com forte sinalização de reconstrução e reunificação do País, seria uma marca do novo Governo. Tudo, porém, nesses dois meses, ficou na prancheta do sonho e se transformou em frustração.
Recorro mais uma vez à entrevista de Tasso Jereissati ao Jornal O Estado São Paulo para, em uma das frases atribuídas ao ex-governador do Ceará, fazermos uma reflexão. Disse Tasso: ‘’Estamos vendo um Lula até raivoso em determinados momentos. Ele mesmo falou que era preciso acabar com o nós contra eles. Não veio um Lula Mandela, veio um Lula anti-Bolsonaro’’.
Elogiável o bom senso de um líder político que, com 28 anos de exercício de mandatos – 12 anos como governador e 16 anos como senador, com passagem apenas por dois partidos (PMDB e PSDB), viu o tempo passar, mas não deixou as suas ideias envelhecerem, nem caducarem. Eis um bom exemplo para quem está ou quer entrar na vida pública do País.
Quanto ao Governo Lula, pode-se dizer que ainda há tempo para mudar, mas, nesse princípio de administração, fica uma certa desconfiança de que, ao estilo da música do Grupo ‘É o Tchan’, ‘’pau que nasce torto, nunca se endireita’’. Uma reflexão para dizer que o Lula do presente não aprendeu com os erros do passado do PT e do próprio Lula.
Ex-senador Luiz Pontes (PSDB)