O servidor do Detran, David Andrade de Freitas, de 41 anos conquistou medalha de prata no tênis de mesa nesta terça-feira (27) nos Jogos Para-Pan Americanos 2019, que estão sendo disputados em Lima, no Peru. O servidor alcançou o pódio ao lado de Eziquiel Babes e Welder Knaf na Equipe masculino Classes 3-5. David nasceu em Fortaleza e participou dos jogos pela terceira vez. Para ele, a motivação foi um dos principais fatores na preparação.

Além de atleta, David é agente de trânsito e chefe do posto do Detran no município de Eusébio há sete anos. No órgão do governo, chefia um setor e opera o bafômetro em blitzes da Lei Seca.

“Recebi um cargo de confiança para chefiar o setor durante o período comercial e, à noite, desempenho a função do agente, como fiscalizar blitz. Mas esta é optativa. Vou porque gosto, me sinto útil e é um complemento da renda. Nos períodos de competições, eu sou liberado. Treino às segundas, quartas e sextas, e jogo nos finais de semana”, comentou o medalhista.

A medalha de prata é mais uma das conquistas do atleta que já foi 11 vezes campeão mundial de tênis de mesa.

“Às vezes, as pessoas deixam que os outros as freiem e esquecem que somos protagonistas de nossas vidas. Eu aprendi isso”, comenta orgulhoso o mesa-tenista sobre o que mais aprendeu com o esporte.

A lesão

Em 2004, aos 26 anos, David foi submetido a uma cirurgia para a extração de um tumor benigno na medula. Apesar de curado, imaginava que ficaria poucos dias sem andar, mas não recuperou os movimentos nos membros inferiores.

Após dois anos trancado em casa, apostou no esporte como meio para se reinserir na sociedade. Primeiro, jogou xadrez, incentivado pela família, e até venceu um torneio. Em uma edição da Paralimpíada Cearense, foi apresentado ao tênis de mesa. Apesar do receio inicial, sagrou-se vice-campeão do evento e viu que tinha potencial.

Em 2015, David idealizou e colocou em prática uma campanha de fiscalização de veículos que são estacionados em vagas para idosos e pessoas com deficiência. Ele mesmo ia para as ruas barrar quem cometia a infração.

O servidor do Detran conta que uma situação bastante recorrente é a de motoristas com alguma lesão, como um pé quebrado, afirmarem serem deficientes para poder utilizar as vagas especiais. Por mais que se sensibilize com a dificuldade de quem vive uma situação como essa, com o atleta não tem jeitinho.

“Uma vez, eu estava dentro do carro e pedi para um motorista tirar o dele da vaga reservada. Outro homem que estava na viatura disse: “mas o motorista é deficiente!”. Eu perguntei: “Qual é a deficiência?”. Ele estava com o pé engessado. Eu expliquei que isso não é deficiência. Então, ele respondeu: “Você quer saber mais do que eu?”. Um policial logo avisou: “quem está falando com você é cadeirante”. Ele obedeceu”, afirmou.

Sobre o próximo desafio, David conta que está treinando para disputar as paralimpíadas em Tóquio, no Japão, em 2020.

*com informações do Governo do Estado do Ceará