A população idosa está com expectativa de vida cada vez maior e, por isso, os cuidados com a saúde física e mental merecem atenção. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segmento populacional que mais aumenta na população brasileira é o de pessoas idosas, com taxas de crescimento de mais de 4% ao ano para a década de 2012 a 2022, representando, no mesmo período, um incremento médio de mais de 1 milhão de pessoas idosas por ano. E durante o mês conhecido como Setembro Amarelo, campanha internacional de Prevenção ao Suicídio e promoção da valorização da vida, especialistas reforçam a importância do cuidado em saúde mental dessa população.
Na Casa de Cuidados do Ceará (CCC), unidade estadual de transição hospitalar vinculada à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), pelo menos 60% dos pacientes são idosos. De acordo com o geriatra da CCC, Rafael Pinheiro, o isolamento social provocado na pandemia trouxe consequências para a saúde mental dessa população. “O isolamento social junto ao sentimento de solidão fez com que casos de depressão e ansiedade tivessem um aumento entre os idosos. Por isso o acolhimento familiar se torna fundamental para apoiar esse idoso, muito além de um tratamento apenas com medicação”, explica.
A Casa de Cuidados oferece projetos de humanização aos pacientes, incluindo os idosos. Um deles é o “Cine Pipoca” em que, na última quinta-feira de cada mês, a equipe multidisciplinar reúne os pacientes para assistirem a um filme com o intuito de promover interação e diversão, como uma forma de complementar os cuidados terapêuticos.
Além do “Cine Pipoca”, a Casa de Cuidados do Ceará também possui outros projetos que trazem benefícios para a saúde física e mental dos idosos internados. Entre os projetos em andamento estão o “Pôr do Sol”, que leva pacientes para observarem o fim do dia em uma área externa, promovendo atividades físicas e cognitivas e ainda o projeto “Sensações”, que busca proporcionar, através de experiências gustativas, sentimentos de nostalgia aos pacientes que estão sob cuidados paliativos no espaço.
HSM tem ambulatório para atender idosos com diagnóstico de transtorno mental
No Ambulatório de Psicogeriatria do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade da Sesa, são tratados pacientes idosos, acima de 60 anos, diagnosticados com alguns transtornos, como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, psicoses e Alzheimer. De janeiro a julho deste ano foram registrados 547 atendimentos. Apesar de a depressão representar a maioria dos casos atendidos no Ambulatório do HSM, os especialistas alertam para a importância de prevenir a doença nessa fase da vida.
De acordo com a psiquiatra Lorena Feijó, que é coordenadora do Ambulatório de Psicogeriatria do HSM, a depressão em idosos pode ter algumas características específicas. “Além dos sintomas clássicos, como irritabilidade, ansiedade, angústia, desânimo, alteração do sono e apatia, os idosos depressivos também costumam apresentar queixas clínicas, como dores nas articulações, nas costas, no estômago, dor de cabeça, falta de energia, cansaço frequente e tontura”, destaca.
Tratamento
A especialista explica que depois de confirmado o diagnóstico de depressão, o idoso é orientado a iniciar a medicação com antidepressivo, porém o uso de remédios deve ser acompanhado por um médico, que vai dar a orientação sobre o quadro, prescrever o medicamento e fazer alterações quando necessário. No ambulatório do HSM, é realizado esse acompanhamento.
A outra recomendação diz respeito às mudanças no estilo de vida do paciente. “É muito importante praticar atividade física, como caminhadas, hidroginástica, pilates, entre outros exercícios. Também recomendamos que o idoso se socialize, a interação social ajuda demais. Outra atitude fundamental é a busca por uma alimentação saudável, além de iniciar, se possível, a psicoterapia com um profissional especializado”, frisa a médica.
Outros recursos como lazer, meditação, arte, música e dança também devem ser inseridos na rotina do idoso, pois podem ser benéficos no processo de tratamento.
O que fazer para ajudar
Por haver preconceitos em relação aos transtornos mentais, muitas pessoas se recusam a realizar o tratamento, o que aumenta muito o risco de agravamento da doença. Por isso, o papel da família é tão importante. “São os familiares que podem conscientizar o paciente sobre a doença, oferecendo ajuda e levando-o a uma consulta com um profissional especialista, supervisionando se a medicação está sendo tomada de maneira adequada, estimulando-o a adotar hábitos de vida saudáveis e promovendo o lazer e a socialização do idoso”, afirma Lorena.
(*)com informação do Governo do Estado do Ceará