Um desafio a cada dia. É assim a rotina das crianças diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e de seus cuidadores. Caracterizado pela dificuldade na comunicação e na realização de comportamentos repetitivos, o autismo se apresenta de formas variadas de pessoa para pessoa, o que pode exigir tratamentos individualizados. Em Fortaleza, o Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), do Governo do Estado, atende atualmente cerca de 65 crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O autismo é atualmente definido como uma condição comportamental em que a pessoa apresenta prejuízos na interação social, comportamentos repetitivos e prejuízos na comunicação. Características que aparecem geralmente no primeiro ano de vida.

“O TEA é uma condição neurobiológica de origem genética, que pode sofrer influência de fatores ambientais que trazem prejuízos ao bebê em desenvolvimento durante a gravidez. Sendo assim, mitos como vacinação, métodos de criação ou mães que demonstram pouco afeto, não possuem nenhuma correlação com o autismo”, explica a médica psiquiatra, Denise Evangelista, que atua no Núcleo de Atenção a Criança e o Adolescente (Naia), setor do HSM que atende diretamente com pacientes com a síndrome.

O diagnóstico de autismo é clínico.

“Depende da avaliação do comportamento da criança e da entrevista com os pais. Não existem exames complementares para diagnosticar o autismo, mas esses podem ser solicitados se o médico quiser tirar dúvidas sobre outros quadros que possam se assemelhar ou co-existir. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhores serão as possibilidades e oportunidades de tratamento”, explica.

A professora Cláudia Morais, mãe do Gabriel, 14, diagnosticado com autismo, conta que há mais de nove anos leva o filho para o HSM, onde encontrou atendimento especializado.

“O tratamento mudou completamente a nossa vida. Quando meu filho veio pra cá, ele nem mexia o corpo. Os médicos trocaram as medicações e houve uma melhora grande. O atendimento vem ajudando muito o meu filho, e nos proporciona equilíbrio emocional para lidar com o transtorno. A troca de experiência com outros pais também nos fortalece”, afirma.

Qualquer sintoma ou comportamento que traz prejuízo para a vida familiar, escolar ou social de uma pessoa deve ser investigado.

“Se traz consequências negativas, como afastar amigos, estresse em casa, deve ser cuidado. Não existem medicações específicas para o autismo, mas podem-se usar algumas medicações para tratar sintomas e comportamentos que estejam atrapalhando o funcionamento global do indivíduo, com isso garantido sua adesão às terapias multidisciplinares, diminuindo seu sofrimento e melhorando sua qualidade e também de sua família”, diz a médica.

“Todo diagnóstico na infância é muito difícil, envolve grande carga emocional e sofrimento para toda a família, mas é preciso lembrar que não precisa ser uma sentença. Devem ser rotas, um caminho para guiar a família e os profissionais que acompanham a criança para se chegar a uma melhor qualidade de vida”, conclui.

Serviço

Para ser atendido pelo Naia do HSM é necessário ser encaminhado pelo posto de saúde e pela Central de Regulação da Secretaria da Saúde do Estado. O atendimento para os pacientes com autismo acontece toda terça-feira, pela manhã.

 

 

 

(*)com informação do Governo do Estado do Ceará