Chove e o volume aumenta. A força das águas, refreada pelos anos de estiagem, busca passagem no Ceará. Não que a natureza seja afeita a provocar danos e dramas. É apenas o retorno ao espaço natural. As águas antes comedidas pelo recente ciclo de seca, em 2019, voltaram a desaguar. Vindas do céu, impulsionam aquelas que na terra atravessam paisagens, moradias, vidas. Sem delicadeza. É verdade. Rápidas e potentes. Bem sabem os cearenses pretendentes a ribeirinhos. Aqueles que fazem, em vários municípios e distritos da zona rural, morada ao redor das águas.

Ubajara, Morrinhos, Santana do Acaraú e Granja, municípios da Região Norte do Estado cujo dilema se assemelha. Vizinhança de adversidades. Fenômenos previsíveis, dizem os pesquisadores, já que após cada ciclo de seca, podem ocorrer períodos de cheias. Nem por isso, a condição dos habitantes é menos complexa e angustiante.

São centenas de famílias moradoras de áreas propícias a inundações marcadas pelo fenômeno extremo da abundância de água em áreas urbanas e rurais. Granja, município que na grande cheia de 2009 viu parte das moradias inundar, em 2019 voltou a padecer com o Rio Coreaú exigindo espaço. Em menor proporção que há 10 anos, o Rio retoma o seu lugar natural e afeta quem faz de seu leito morada.