Estamos vivendo, em escala mundial, uma situação que jamais poderíamos prever. Ninguém imaginaria que o setor de hotelaria – um dos primeiros segmentos a sofrer os efeitos econômicos da pandemia e, provavelmente, um dos últimos a sair da crise – estaria passando por um momento tão difícil, com suas atividades praticamente paralisadas e todo investimento e capital imobilizado sem gerar nenhuma receita em hotéis independentes, de grandes redes, pousadas, resorts e demais meios de hospedagem formais do Brasil e do mundo.

Não apenas a hotelaria, mas a extensa cadeia que compõe o turismo mundial foi dizimada pelo Covid-19. Todos os países e destinos sentiram de forma idêntica os efeitos de uma crise que irá obrigá-los a reinventar-se e a criar novas formas de estimular uma atividade fundamental para economia mundial que, até então, era responsável por 8% do PIB global. Por enquanto, ninguém sabe ainda como tudo o que está acontecendo impactará na forma de fazer turismo no futuro. Mas uma coisa é certa: nada será como antes.

Precisamos continuar fortes e nos manter unidos.  Temos que insistir em ações que viabilizem a sobrevivência das empresas num curto espaço de tempo, pois temos funcionários e encargos para pagar. Nesse sentido, linhas emergenciais de crédito para financiar a folha de pagamento de pequenas e médias empresas – incluindo os setores de turismo e hotelaria – já estão sendo formatadas pelo g overno f ederal.

Mas não é o bastante. Outra medida urgente e necessária que deve ser adotada a fim de preparar a economia para o cenário que nos espera é começar a estruturar políticas de incentivos, específicas para os hotéis, que abranjam os governos estaduais e municipais como, por exemplo, que a cobrança das taxas de água e esgoto e de energia elétrica seja aferida com base na demanda medida e não na demanda contratada e que haja uma redução significativa no valor do IPTU e de outros impostos e taxas.

Infelizmente para o nosso segmento, os problemas trazidos pelo novo coronavirus não se resumem apenas a contas a pagar. Ao contrario do agronegócio, da indústria de bens de consumo e do comércio, a indústria de hotéis e de turismo tem como principal e único insumo o material humano e, por isso, torna-se crucial pensar também em como será a nova configuração do mercado de turismo após o esvaziamento da pandemia. Sim, porque em algum momento tudo isso vai se diluir e a indústria de hotéis não tem outra opçã o al&eac ute;m de voltar a receber hóspedes, atendendo suas novas demandas e se adequando a perfis que surgirão ou mesmo criando e oferecendo novos serviços.

Não podemos nos dar ao luxo de, nesse momento, nos entregar a lamentações e não pensar de forma estratégica a médio e longo prazo, pois temos que estar preparados para a transformação que ocorrerá no cenário turístico mundial quando essa crise for superada.  Precisamos que todos os representantes do trade turístico, que já vêm se reunindo com o Ministério do Turismo e outras autoridades do governo federal desde o início de março, desenhem e executem planos e ações básicas direcion adas par a cada região do país, atendendo suas peculiaridades e sazonalidades.

Agora o Brasil está paralisado. Mas não esqueçamos que hotéis e unidades turísticas de todo o planeta também estão fechados e que os maiores destinos mundiais foram dizimados e que, quando tudo isso passar, a hotelaria nacional continuará com suas instalações, seus apartamentos, áreas de lazer e espaços para eventos prontos para receber seus hóspedes.

A hora de construir nosso futuro com crise ou sem crise é agora e, apesar do desanimo, do abatimento e da escuridão total que ainda nos impede de enxergar a luz do final do túnel, essa pode ser a oportunidade para tornar mais eficiente e competitivo nosso ambiente de negócios e assim, quando for à hora, retomar com força total ao nosso principal objetivo: encantar nosso viajante seja ele nacional ou estrangeiro, a lazer ou a negócios.