O presidente Jair Bolsonaro está perto da unanimidade entre opositores e aliados após os quatro minutos do pronunciamento, em rede nacional de rádio e televisão, na noite dessa terça-feira, pregando a suspensão do isolamento social e a volta da normalidade no País.
Bolsonaro bateu – mais uma vez, na mídia, a responsabilizou pela histeria, atacou os governadores e pregou, sem meio termo, o fim do confinamento, o que contraria às recomendações das autoridades mundiais de saúde como medida contra a propagação do coronavírus. O gesto mostra o presidente da República na contramão das orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Desde quando resgatamos os nossos irmãos em Wuhan, na China, numa operação coordenada pelos ministérios da Defesa e Relações Exteriores, surgiu para nós o sinal amarelo. Começamos a nos preparar para enfrentar o coronavírus, pois sabíamos que mais cedo ou mais tarde ele chegaria ao Brasil’’, disse Bolsonaro, em um dos trechos do pronunciamento

Bolsonaro destacou as ações do Governo Federal e, pela primeira vez, elogiou o Ministro Luiz Henrique Mandetta. ‘’O nosso ministro da Saúde reuniu-se com quase todos os secretários de saúde dos estados para que o planejamento estratégico de enfrentamento ao vírus fosse construído. Desde então, o doutor Henrique Mandetta vem desempenhando um excelente trabalho de esclarecimento e preparação do SUS para atendimento de possíveis vítimas’’, observou.

Em outra parte do pronunciamento, Bolsonaro abriu as baterias contra a imprensa, que faz um trabalho extremamente importante para manter os brasileiros informados. Bolsonaro culpou a mídia por noticiar sobre a crise da doença na Itália, o que, segundo ele, causou “histeria”.

“O que tínhamos que conter naquele momento era o pânico, a histeria e, ao mesmo tempo, traçar a estratégia para salvar vidas e evitar o desemprego em massa. Assim fizemos, quase contra tudo e contra todos. Grande parte dos meios de comunicação foram na contramão e espalharam exatamente a sensação de pavor, tendo como carro chefe o anúncio do grande número de vítima na Itália, um país com grande número de idosos e com o clima totalmente diferente do nosso. O cenário perfeito potencializado pela mídia para que uma verdadeira histeria se espalhasse no país’’, disse o presidente, para, em seguida observar: ‘’ Contudo, percebe-se que de ontem para hoje, parte da imprensa mudou seu editorial, pede calma e tranquilidade. Isso é muito bom. Parabéns, imprensa brasileira. É essencial que o equilíbrio e a verdade prevaleçam entre nós’’.

VOLTA DA NORMALIDADE

Os governadores entraram, também, na mira do pronunciamento do presidente. “O vírus chegou. Está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar, empregos devem ser mantidos, o sustento da família deve ser preservado. Devemos, sim, voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa. O que se passa no mundo têm mostrado que um grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas?”, questionou.

Ao ser incisivo na pregação da volta da normalidade no País, Bolsonaro destacou que são “raros” os casos fatais de pessoas saudáveis com menos de 40 anos de idade. “90% de nós não teremos qualquer manifestação caso se contamine. Devemos sim, é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros. Em especial, aos nossos queridos pais e avós, respeitando as orientações do Ministério da Saúde’’, observou.

Bolsonaro voltou a falar sobre o próprio estado de saúde e, em seu entender, caso contraísse a doença, “não precisaria se preocupar”. “Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou teria. Quando muito acometido por uma gripezinha ou um resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico, daquela conhecida televisão’’, afirmou o presidente, que não nominou a TV, nem o médico, mas o recado era direta para a Rede Globo e para o médico Drauzio Varella.

CLOROQUINA X COVID-19

A produção de cloroquina – medicação em estudo sobre efeitos contra o coronavírus, entrou no pronunciamento de Jair Bolsonaro: “Enquanto estou falando, o mundo busca um tratamento para a doença. O FDA americano e o Albert Einstein em São Paulo, buscam a comprovação da eficácia da cloroquina no tratamento do Covid-19. Nosso governo tem recebido notícias positivas sobre esse remédio fabricado no Brasil, largamente utilizado no combate à malária, ao lúpus e artrite. Acredito em Deus, que capacitará cientistas e pesquisadores do Brasil e do mundo na cura dessa doença”, destacou.

Ao finalizar o pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, Bolsonaro fez uma homenagem aos profissionais de saúde que vem atuando contra a Covid-19. “Em pânico ou histeria como venho falando desde o princípio, venceremos o vírus e nos orgulharemos de estar vivendo nesse novo Brasil que tem tudo para ser uma grande nação. Estamos juntos, cada vez mais unidos. Deus abençoe nossa Pátria”, concluiu.