A desincompatibilização do Secretário de Relações Institucionais do Estado, Nelson Martins, é a grande surpresa na corrida eleitoral de 2020, principalmente, na disputa pela Prefeitura de Fortaleza. Além de Nelson, o sociólogo Élcio Batista, que ocupava a Secretaria da Casa Civil, também, deixou o cargo. Ambos ficam como opções à sucessão do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT). Élcio é filiado ao PSB. Nelson é do PT. Entre os aliados de Roberto, deixou a administração municipal o secretário de Governo, Samuel Dias (PDT). Outros dois nomes do secretariado municipal – Alexandre Pereira (Cidadania) e Ferrúcio Feitosa (PDT), deixaram os cargos, mas não são opções do grupo do PDT à sucessão municipal.

De estilo moderado, conciliador e sem áreas de atrito, Nelson Martins é a novidade nesse cenário de indefinição sobre um nome que possa unir PDT e PT na corrida pela Prefeitura de Fortaleza. O grupo de Roberto Cláudio, ao longo de 7 anos, não construiu um só nome capaz de, a seis meses do primeiro turno da eleição, se viabilizar, eleitoralmente, para fazer frente ao maior adversário, que é o Capitão Wagner, do PROS.

O nome de Nelson Martins faz parte de uma engenharia política: lembre-se que, nesta semana, em entrevista ao Jornal O Povo, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) defendeu a uniu do PDT e do PT para derrotar o que chamou de candidato bolsonarista. O recado tem endereço: o Capitão Wagner. A entrevista deixou, para muitos, uma certeza: a ausência de um nome do PDT em condições de unir todos os partidos aliados ao prefeito Roberto Cláudio e ao governador Camilo Santana.

A engenharia, com boas costuras, não pode, nesse primeiro momento, representar a solução que alguns passam a alimentar: a união do PT-PDT logo no primeiro turno. É bom lembrar: como único nome inscrito para o Encontro Municipal do PT para concorrer à Prefeitura de Fortaleza está o nome de Luizianne Lins. Luizianne, como antecipou, nesse início de semana, o site cearaagora, conseguiu a unidade das diferentes correntes do PT. Essa é uma realidade. Outra realidade, porém, surge: a necessidade de se impor derrota a um inimigo político.

Os mais radicais, dentro do PT, podem alardear: Luizianne Lins não abre mão da candidatura. Os mais cautelosos se antecipam: na política, tudo é possível. Outra pergunta surge: se Luizianne é o único nome inscrito ao Encontro Municipal para definição de candidatura à Prefeitura de Fortaleza, como pode surgir mais uma opção à sucessão do prefeito Roberto Cláudio?

O questionamento faz sentido, mas, voltando ao conceito de dinamismo político: é preciso dizer que, se as eleições municipais forem adiadas, ressurge, também, a reabertura de prazos para militantes do PT se inscrevem para pleitear a candidatura à Prefeitura da Capital. Como a política é a arte do diálogo, em campo já estão, de um lado, o presidenciável Ciro Gomes. Do outro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Se o PT tem consolidado o nome de Luizianne Lins, no PDT são, hoje, pelo menos, quatro pré-candidatos – além de Samuel Dias, estão no jogo o presidente da Assembleia Legislativa, José Sarto, a vice-governadora Izolda Cela e o deputado estadual Salmito Filho. O senador Cid Gomes decidiu que está fora da lista de nomes do PDT à Prefeitura de Fortaleza. Cid cuida do PDT e quer permanecer no Senado.

Há, ainda, uma terceira leitura: a saída de Nelson pode ser para despistar e confundir ainda mais. Eis a engenharia na política.

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