O final de semana que antecede ao anúncio e envio ao Congresso Nacional do projeto de reforma previdenciária é marcado pela primeira crise com desdobramento negativo na base de apoio ao Palácio do Planalto. A queda do Secretário-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, expõe fragilidade e gera desconfiança entre os aliados naquela de que, a qualquer momento, outro membro do governo e da base política pode  entrar na moagem da fritura a partir de movimentos dos herdeiros do presidente da República.

A repercussão maior no episódio de Gustavo Bebianno, que virou notícia com as denúncias sobre candidaturas laranjas no PSL – à época da liberação dos recursos do fundo eleitoral, em 2018, ele (Bebianno) era presidente da sigla, foi muito mais pela declaração do filho do presidente Bolsonaro, vereador Carlos Bolsonaro, que o tachou de mentiroso, e menos pelo escândalo que se desenha com o uso da verba pública destinada ao financiamento de candidaturas.

Bebianno disse ter conversado com o Chefe da Nação sobre a crise política no Governo. O filho do presidente, Carlos, ao visitar o pai que estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o desmentiu.  As palavras de Carlos foram endossadas pelo pai e Bebianno, após ser chamado, publicamente, de mentiroso, não tinha mais como se sustentar no cargo.

A reação de um Bebianno desconfiado e fragilizado demonstrou a tentativa de apego ao cargo porque, logo após as palavras do presidente, ele (Bebianno) deveria ter anunciado o seu desligamento do posto. Minimizou os adjetivos presidenciais, imaginou que poderia contornar a adversidade, mas, do ponto de vista da autoridade, o desgaste foi inevitável e o levou à lona. A saída de Bebianno do Governo fica oficializada com o ato de sua exoneração no Diário Oficial da União.

Semana da Previdência

O presidente Jair Bolsonaro apresentará, na próxima quarta-feira, o texto final do projeto a ser enviado ao Congresso Nacional com as novas regras para os brasileiros se aposentarem. A primeira medida, entre tantas novas normas previdenciárias, é a idade mínima para homens (65 anos) e mulheres (62 anos) se aposentarem. A regra, de acordo com o anúncio da equipe econômica do Governo Federal, entrará em vigência em 12 anos, após aprovada pelo Congresso Nacional.

O Governo Federal precisa de 308 votos para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Câmara dos Deputados. No Senado, são necessários 49 votos favoráveis. O Governo trabalha com um cenário de otimismo, mas o favoritismo pode ser atropelado se o Palácio do Planalto não estender o tapete vermelho – com o compartilhamento da administração, a deputados e senadores. O compartilhamento, nesse caso, significa distribuição de cargos. É o caminho para os bastidores políticos esquecerem o episódio Bebianno.