Com todas as condições políticas e administrativas para concorrer à reeleição em 2018, o Governador Camilo Santana vive um dilema que o atormenta e o exige uma decisão sobre a permanência no PT ou a filiação ao PDT. Camilo abriu diálogo com os dirigentes nacionais do PT e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, nos próximos dias, conversa com os irmãos e ex-governadores Cid e Ciro Gomes sobre o seu futuro partidário. Ao mesmo tempo que discute a mudança partidária, o governador enfrenta clima de hostilidade dentro do PT, principalmente da ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins.
O receio de Camilo Santana, traduzido por aliados seus na Assembleia Legislativa, é deixar o PT e ver o ex-presidente Lula candidato a presidente da República e com popularidade para voltar ao Palácio do Planalto. A candidatura de Lula depende, contudo, dos desdobramentos da Operação Lava Jato. Se condenado por crime de corrupção, Lula estará fora das eleições de 2018. O temor em uma possível filiação ao PDT é ser preterido e deslocado para concorrer ao Senado.
Considerado candidato natural à reeleição, Camilo se sente mais confortável no PT e não encontraria embaraço para ser ungido a uma nova postulação ao Palácio da Abolição.
Essa mesma certeza e segurança não o acompanham com o PDT. Isso, porque, entre integrantes da bancada estadual que o apoiam na Assembleia Legislativa, as conversas de bastidores sobre uma possível preferência do ex-governador Ciro Gomes pelo nome do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, para a disputa do Governo do Estado, deixam insegurança aos auxiliares mais próximos de Camilo Santana.
Camilo tem até o mês de abril do próximo ano para decidir qual rumo partidário tomar: permanecer no PT, onde tem o apoio majoritário dos delegados à Convenção Estadual para ser candidato a um novo mandato, ou desembarcar no PDT, onde estão os seus padrinhos políticos Cid e Ciro Gomes.
Cid chegou a declarar, durante evento do PDT na cidade de Acaraú, que seria candidato ao Senado e Camilo disputaria à reeleição. Até o momento, o ex-governador Ciro Gomes não fez declaração incisiva de apoio oficial à reeleição de Camilo Santana.
A ausência dessa manifestação contribui para a insegurança dos aliados do atual governador. Camilo não quer correr risco, cumpre uma agenda administrativa sem cansaço, faz articulação política, tem um Estado com equilíbrio fiscal e financeiro e, diante das especulações sobre uma possível pré-candidatura de Roberto Cláudio ao Governo do Estado em 2018, intensificou as visitas a bairros da Capital e municípios do Interior para consolidar popularidade e não dar margem para ser surpreendido com um adversário dentro do próprio grupo político. Camilo pode ser considerado o candidato natural à reeleição, mas, na avaliação de aliados mais próximos, essa certeza ainda está distante.