Dois soldados do Exército Brasileiro estão presos, suspeitos de desviar da Corporação armamentos de calibre 7.62. O arsenal é capaz de furar blindagens. Segundo uma fonte do Exército, os soldados negociavam as munições com a facção Guardiões do Estado (GDE). A prisão dos dois ocorreu quando os soldados chegaram ao quartel do 23º Batalhão de Caçadores (BC), na avenida 13 de Maio, na manhã dessa terça-feira, 9.
Militares estiveram ainda ontem pela manhã no Departamento de Inteligência Policial (DIP) da Polícia Civil para tratar das investigações, que correm em sigilo. A fonte do Exército confirmou que um dos soldados já foi ouvido e confirmou que cometeu o crime. De acordo a Polícia Civil, a estimativa é que, pelo menos, 14 mil cartuchos tenham sido roubados do paiol, local fortificado que se destina a armazenagem de explosivos ou munições.
A principal linha de investigação da Polícia Civil é que um dos militares tenha ligação com os Guardiões do Estado, facção para a qual as munições eram destinadas. Esse fato pode ter sido um agravante para a insegurança na “Babilônia”, comunidade localizada no bairro Barroso. O investigador diz ainda que o soldado teria recebido um imóvel invadido na comunidade, em troca do armamento de alto poder destrutivo. A casa, inclusive, seria um dos locais onde os cartuchos poderiam estar. Segundo o policial civil, as informações estão sendo checadas, mas é importante também que se descubra a quanto tempo o esquema já existia.
Um militar, que atua no Serviço Reservado da PM, conta que o Réveillon no Lagamar foi um dos acontecimentos que ajudaram no andar da investigação e para mostrar que, de fato, as munições estavam sendo vendidas à GDE. Conforme relata o militar, a passagem de ano na comunidade foi comemorado com rajadas de tiros, diversos tiroteios e usos de fuzis nas ruas do Barroso. No Tancredo Neves, algumas ocorrências também foram registradas. Não por coincidência, essas são as principais áreas do tráfico de drogas dominadas pela facção. O militar do Serviço Reservado da PM lembra que havia a suspeita de haver um grande fornecedor de armas, o que não se sabia era que essa pessoa era um soldado.
Não é a primeira vez que munições do Exército pararam em mãos de criminosos cearenses. Há dois anos, cartuchos, também calibre 7.62, foram apreendidos pelo Departamento de Inteligência Policial no Conjunto Palmeiras, onde ocorria uma comemoração da pacificação da comunidade. O órgão oficiou a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) para saber a procedência das munições e recebeu a resposta que elas tinham sido vendidas a uma Companhia do EB, sediada em Brasília.
O oficial da PM disse que o combate à GDE é necessário, ocupando as áreas em que a facção tem seus principais redutos. Segundo o militar, até a própria Polícia está sentindo a tensão de ir às ruas, no que ele classificou, como situação de guerra. O policial lembra que os líderes do GDE estão indo de uma comunidade para outra.
Com informações do Diário do Nordeste