A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) desferiu, num só dia, dois golpes na Operação Lava-Jato. Por 3 a 1, o colegiado decidiu retirar do juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, trechos de delação da Odebrecht que citam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (PT). A partir da decisão dos magistrados, os trechos deverão seguir para a Justiça Federal do DF. A turma também rejeitou ontem uma denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra o senador Ciro Nogueira (PP-PI), no âmbito da Lava-Jato, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro (leia reportagem ao lado).

Os trechos de delação retirados de Moro narram o desenvolvimento das relações institucionais entre a Odebrecht e o governo federal, a criação do Setor de Operações Estruturadas (conhecido como o departamento de propinas da empreiteira), a criação da empresa Braskem, os pagamentos que teriam sido feitos ao governo e o funcionamento das planilhas “Italiano” e “Pós-italiano”, em suposta referência aos períodos em que Antonio Palocci e Guido Mantega ocuparam cargos no Planalto.

No recurso do ex-presidente para tirar de Moro os trechos de delação, os advogados dele ainda afirmam que há menções ao Instituto Lula. “Também informa a presença de valor supostamente destinado à aquisição de terreno para o Instituto Lula, bem como doação oficial feita à mesma instituição. Ambos teriam ocorrido, em tese, no estado de São Paulo”, afirma a defesa.

O ministro Dias Toffoli argumentou: “Eu digo que, a despeito da narrativa dos colaboradores fazerem referência a fatos em São Paulo e em Brasília, penso, pelas mesmas razões, que o caso seria de fixação da competência na seção judiciária do DF”. A posição dele foi acompanhada por Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Celso de Mello não compareceu .

Em seu voto escrito sobre o caso, o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF, diz que os depoimentos revelam “o relacionamento espúrio” da empreiteira com o Executivo à época, liderado pelo PT. Para ele, as delações deveriam ficar em Curitiba, já que apresentam relação com a operação comandada por Moro.

Para o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, a decisão de ontem mostra que o recurso do petista apresentado contra sua condenação no caso do tríplex no Guarujá tem “real possibilidade de ser acolhido”.

 

 

Com informação do Correio Braziliense