Há cerca de 60 anos, ser mãe de seis filhos significava estar dentro da média para o padrão reprodutivo no Brasil. Mudanças econômicas e culturais levaram as novas gerações de mulheres a outros comportamentos. Atualmente, quem está dentro da média é a mãe que tem entre um e dois filhos. Dados e projeções demográficas apontam que o declínio da taxa de fecundidade no país deve continuar nas próximas décadas. A média de filhos por mulher em idade reprodutiva, expressa pela taxa de fecundidade total, era de 6,3 filhos na década de 1960. Nos anos 1980, esta taxa já havia diminuído para 4,4 filhos por mulher. Os dados são do documento Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil – 2009, produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Enquanto aguardam dados atualizados do último Censo do IBGE, com publicação prevista para este ano, demógrafos fazem estimativas consultando dados sobre nascimentos nas Estatísticas do Registro Civil e na plataforma DataSUS, do Sistema Único de Saúde. A estimativa referente aos dados de 2020 é que a taxa de fecundidade esteja em 1,7 filho por mulher, aponta Angelita Carvalho, coordenadora do programa de Pós-Graduação em População, Território e Estatísticas Públicas na Escola Nacional de Ciências Estatísticas, vinculada ao IBGE.

A taxa de fecundidade começou a declinar no Brasil após a década de 1960. De lá para cá, o país saiu de um contexto majoritariamente agrário para a concentração da população nos centros urbanos. No contexto em que a agricultura era importante para o próprio sustento, ter mais filhos significava mais pessoas para auxiliar nas atividades da família. Outros fatores estão vinculados ao comportamento das mulheres, que conquistaram maiores níveis de escolaridade e mais espaço no mercado de trabalho. Elas também tiveram mais acesso e adesão aos métodos anticonceptivos, podendo planejar melhor o momento de ter filhos. Na análise dos dados sobre a população, um índice que merece atenção é o nível de reposição. Quando o país tem taxa de fecundidade abaixo de 2,1 filhos por mulher, considera-se que o país está abaixo do nível necessário para que a população siga crescendo a longo prazo. Assim, a tendência é de um futuro com a população mais envelhecida. Os registros de nascimentos nos últimos 20 anos mostram a tendência de queda no número de crianças que nascem no país. Enquanto o Brasil teve 3,1 milhões de nascidos vivos registrados em 2001, este número caiu para 2,6 milhões em 2021. Os dados são do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos  da plataforma DataSUS.