O lançamento de um candidato próprio do MDB à Presidência entrou na pauta do presidente Michel Temer e de aliados de seu partido. Em reunião no Palácio do Jaburu nesse domingo, 4, Temer ouviu do senador Romero Jucá (RR), presidente nacional da sigla, que é preciso construir uma campanha que defenda o governo, criticado pela oposição como também por aliados.
Líder do governo no Senado, Jucá já defende, nos bastidores, a candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, hoje filiado ao PSD. “Ele é muito bem-vindo no MDB”, disse o senador ao Estado. “Ainda não temos decisão sobre nomes, mas estamos afunilando as conversas nesse sentido”, acrescentou.
Ao lado do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, Jucá mostrou para Temer uma pesquisa encomendada pelo partido sobre o quadro eleitoral nos Estados. “Mais de um terço dos entrevistados acha que, se a economia continuar como está, o MDB deve lançar candidato à Presidência”, afirmou ele.
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Segundo a colunista do Jornal O Globo, Eliane Cantanhêde, já há articulações em andamento para que Meirelles seja vice na chapa do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB. O ministro indicou que vai entregar o comando da economia, no início de abril, e migrar para o MDB, com a intenção de concorrer ao Planalto. O partido de Temer, porém, não dá a Meirelles todas as garantias de que ele vá liderar a chapa.
“A nossa ideia é ter um candidato que defenda a agenda do Governo. Se não for o Michel, acho que Meirelles reúne essas qualidades e tem todas as condições de aglutinar os partidos de centro para disputar o Planalto”, argumentou o líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), que preside o partido em São Paulo.
Temer tem feito uma espécie de enquete com interlocutores da base aliada para saber qual seria o nome, no espectro de centro-direita, que teria mais viabilidade eleitoral. Embora haja resistências de dirigentes do próprio MDB à candidatura do presidente a um novo mandato, o núcleo político do governo ainda não descartou essa possibilidade.
“Candidato Natural”
A aposta no Planalto é de que, se a intervenção na Segurança Pública do Rio surtir efeitos positivos e as investigações contra Temer forem arquivadas, o presidente deixará o dígito isolado nas pesquisas de intenção de voto – que hoje não ultrapassa 1% – e será o “candidato natural”. Em público, no entanto, ele rejeita essa hipótese.
Dono de uma impopularidade persistente, Temer pode tomar a decisão até julho e não precisa se desincompatibilizar para entrar no páreo, enquanto Meirelles, se for concorrer, será obrigado a sair da Esplanada em 7 de abril, mesmo prazo para a mudança de partido.
Sem um nome competitivo até agora, o MDB tem como prioridade eleger grandes bancadas de senadores e deputados federais para se fortalecer no jogo político, a partir de 2019. Jucá disse ontem que o partido também deve apresentar nomes aos governos de 14 dos 26 Estados.
O senador considera difícil a possibilidade de apoio a Alckmin, ao menos por enquanto. Na avaliação da equipe de Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não será candidato, embora seu nome vá ser aclamado como presidenciável em convenção do partido, na quinta-feira. À portas fechadas, correligionários de Temer dizem, ainda, que o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), pode ser vice de Alckmin.
“Mas o MDB não está postulando lugar de vice nem de Alckmin nem de Maia”, insistiu Jucá. “O natural, em política, é muito forte. Ninguém vai tirar do bolso do colete um candidato, que precisa ter charme e liderança”, disse Moreira Franco, um dos principais interlocutores de Temer no Planalto.
O MDB tem um fundo eleitoral de R$ 234,2 milhões para gastar na campanha. Até agora, a sigla já definiu que cada candidato à reeleição na Câmara receberá R$ 1,5 milhão e, no Senado, R$ 2 milhões. Quem vê com simpatia a candidatura de Meirelles alega que o fato de ele poder financiar a campanha com dinheiro do próprio bolso favorece sua escolha.
Com informações do Jornal O Estado de São Paulo