Em uma tentativa de diminuir o preço dos combustíveis, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) publicou, nesta segunda-feira resolução que altera regras de comercialização de combustíveis em todo o país e que permite o delivery de gasolina e diesel. O valor dos petrolíferos disparou nos últimos meses por conta da alta do dólar e do barril de petróleo no mercado internacional.
Embora as ações tenham o objetivo de reduzir o preço dos combustíveis, revendedores e distribuidoras têm uma série de dúvidas sobre os efeitos práticos das medidas e alertam sobre o risco à segurança da comercialização.
A ANP diz que as medidas aprovadas, que foram submetidas à consulta e audiência públicas, vêm sendo discutidas desde 2018, com o início da greve dos caminhoneiros, quando o órgão a adotou um conjunto de medidas de flexibilização, excepcionais e temporárias, com o intuito de garantir o abastecimento.
Depois do fim da greve, a agência passou a avaliar de maneira mais ampla possíveis alterações que pudessem aumentar a eficiência no mercado de combustíveis no Brasil. Mas isso ganhou força na tentativa do governo de reduzir os preços dos produtos.
As principais mudanças aprovadas pela diretoria do órgão foram a liberação da venda por delivery da gasolina comum e do etanol e a forma de mostrar os preços nas bombas. Hoje, o valor mostrado na bomba tem três casas decimais. Agora, serão necessárias apenas duas casas decimais. Os postos têm um prazo de 180 dias, depois de publicada a resolução, para promover a alteração para duas casas decimais na visualização dos preços dos combustíveis.
A ANP permitiu que a atividade de delivery seja exercida a partir de autorização específica da agência. Nesse momento, tal atividade estará restrita ao etanol hidratado e gasolina C. Para aderir ao programa, o posto deverá estar adimplente com o Programa de Monitoramento da Qualidade da ANP e o delivery deverá ser feito até os limites do município onde se encontra o revendedor varejista autorizado pela ANP.
Outra mudança diz respeito à atuação dos Transportadores-Revendedores-Retalhistas, empresas autorizadas pela ANP a comprar combustível a granel para repassar a consumidores e empresas. Atualmente, autorizadas a comercializar diesel, com a nova resolução, passam a ter permissão expressa para comercialização também de gasolina C e etanol hidratado.
As mudanças autorizadas pela ANP para o delivery de combustíveis e para a Transportadores-Revendedores-Retalhistas não precisam passar pelo Congresso.
Uma medida provisória (MP) publicada pelo governo federal permite ainda a venda direta de etanol das usinas para os postos de combustíveis, sem passar por distribuidoras. Além disso, a MP autorizou que um posto de uma bandeira pode vender combustível de outra empresas.
A MP foi publicada há 60 dias e nesta segunda-feira teve seu prazo de vigência prorrogado por mais dois meses. Até lá, precisará ser analisada pelo Congresso, o que ainda não começou, ou perderá validade.
A ANP também regulamentou essa permissão, que acaba com a fidelidade à bandeira. As novas regras determinam que o revendedor varejista deve informar em cada bomba medidora, de forma destacada e de fácil visualização, o CNPJ, a razão social ou o nome fantasia do distribuidor fornecedor do respectivo combustível automotivo. Caso opte por exibir a marca comercial de um distribuidor de combustíveis e comercializar combustíveis de outros fornecedores, deverá exibir, na identificação do combustível, o nome fantasia dos fornecedores.
Distribuidoras de combustíveis tentam reverter o fim da fidelidade à bandeira e argumentam que a medida representa risco para os consumidores.
(*) Com informações Agência O Globo