Neste dia 30 de março é celebrado o Dia Mundial do Transtorno Bipolar. A data foi escolhida em referência ao aniversário do pintor holandês Vincent Van Gogh, que teria sido diagnosticado como portador do distúrbio. O principal objetivo da data é conscientizar a população sobre esse tipo de transtorno, eliminar o estigma social e levar informação à população.
Nesta entrevista, o psiquiatra Matias Carvalho Aguiar Melo, que também é preceptor do Ambulatório de Transtornos de Humor do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará, fala sobre sintomas, diagnóstico e tratamento.
O que é Transtorno Afetivo Bipolar?
O transtorno bipolar é um transtorno psiquiátrico que afeta cerca de 1% a 2% da população mundial. Como em outras doenças afetivas, ele provoca uma mudança drástica no comportamento e nas relações sociais do indivíduo, afetando sua funcionalidade. Uma pessoa com a doença alterna fases de depressão (alguns casos graves com ideações suicidas) com outros de momentos (hipo)maníacos, de incontrolável euforia.
Quais são os sintomas?
O transtorno afetivo bipolar consiste na alternância de dois estados de humor opostos, a mania e a depressão. A mania é marcada por uma euforia intensa, com agitação, aceleração do pensamento, fala mais rápida, aumento de energia e sensação de grandeza, hipersexualidade e gastos excessivos que persistem por, pelo menos, duas semanas. Enquanto na fase depressiva, o paciente apresenta tristeza, falta de energia, alteração do sono e do apetite, apatia, prostração, falta de prazer e pensamentos pessimistas, inclusive de morte, com duração mínima de duas semanas.
Existe uma causa específica para o surgimento da doença?
É um transtorno com uma etiologia multifatorial. Existe um componente genético envolvido, fatores ligados à personalidade, à forma de encarar os problemas e estressores ambientais (como frustrações após perda de emprego ou óbito de pessoas próximas).
Como é realizado o diagnóstico?
O diagnóstico é clínico, realizado pelo psiquiatra no levantamento da história e no relato dos sintomas feitos pelo paciente ou pelo familiar. Observamos se o paciente apresenta comportamento alternado entre mania e depressão.
Existe um tratamento para esse tipo de transtorno?
Sim. O tratamento é realizado com acompanhamento psicológico e psiquiátrico, inclusive com prescrição de medicações. O tratamento deve ser realizado para evitar crises graves com necessidade de internamento. Um tratamento adequado, além de diminuir as chances de internação, pode melhorar a qualidade de vida do paciente e permitir que ele fique bem por um longo período de tempo.
Como funciona o atendimento realizado no Ambulatório de Transtorno de Humor do HSM?
O Ambulatório atende, atualmente, cerca de oitenta e cinco pacientes, com predomínio de mulheres. Eles são encaminhados pelos postos de saúde e atendidos, primeiramente, pelo Ambulatório Geral do HSM que confirma o diagnóstico e encaminha os casos mais graves para o tratamento no Ambulatório de Transtorno de Humor.
Os residentes atendem os pacientes com a supervisão do psiquiatra preceptor. O tratamento deve ser feito por tempo indeterminado para prevenir crises e internações.
(*)com informação do Governo do Estado do Ceará