Ao contrário das eleições de 2014, quando a divulgação das pesquisas de segundo turno eram precedidas por enorme expectativa, as deste ano são marcadas por calmaria. O motivo é a imensa distância que separa Bolsonaro de Fernando Haddad.

As três primeiras sondagens nacionais realizadas até agora por Datafolha e Ibope são quase idênticas. Após transcorrer mais da metade do segundo turno, o capitão reformado mantém uma monótona distância de quase 20 pontos percentuais para o petista.

Os intensos ataques mútuos entre as duas campanhas parecem nada afetar o eleitor. O esvaziamento das candidaturas de Geraldo Alckmin e Marina Silva na reta final do primeiro turno mostra que o voto útil foi antecipado. Hoje, a impressão é que nada fará o eleitor arredar pé da opção que fez.

Os apoiadores de Bolsonaro parecem decididos a impedir que o PT — e a política tradicional — voltem ao Palácio do Planalto este ano. Ontem, a campanha de TV de Haddad exibia um vídeo em que Bolsonaro batia continência para uma bandeira americana. É difícil acreditar que isso vá emocionar quem já escolheu o deputado do PSL tolerando suas declarações homofóbicas, misóginas, racistas e as polêmicas opiniões de seus aliados em relação à economia.

Do outro lado, por mais que Bolsonaro insista em levar para a TV e as redes sociais os diversos casos de corrupção envolvendo o PT, é difícil acreditar que o eleitor que migrou para Haddad possa ainda ser surpreendido e desista de dar seu voto no petista em função da delação de Antonio Palocci ou da exibição das fotos de Lula e Dilma Rousseff com Hugo Chávez e Nicolás Maduro.

A eleição se mostra consolidada. E é ainda mais difícil haver uma flutuação significativa de última hora sem debates diretos entre os dois. Apesar de ter sido uma das notas mais trágicas da eleição até agora, o atentado sofrido por Bolsonaro em Juiz de Fora (MG) facilitou sua tarefa de evitar riscos desnecessários.

Ainda que 67% dos entrevistados achem muito importante a realização de debates e 73% defendam que Bolsonaro compareça, ele e sua equipe terão sempre a seu lado o álibi de que sua saúde inspira cuidados. O país também. Pena que, mesmo após dois meses de campanha, ainda haja tão poucos sinais do tratamento que o líder das pesquisas pretende adotar.

Com informações do Jornal O Globo