A janela partidária, criada por meio da reforma política aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado para permitir a troca de legenda, durante um prazo de 30 dias – 7 de março a 7 de abril –, por parte deputados estaduais e federais, às vésperas das eleições, sem o risco de perda de mandato por infidelidade.

O financiamento das campanhas deste ano, que deve ser majoritariamente público, porém, fez com que o aspecto financeiro tomasse conta das negociações. Parlamentares dos partidos que devem sofrer baixas acusam legendas adversárias de oferecerem entre R$ 2 milhões e R$ 2,5 milhões para seduzir deputados. O PSB já perdeu quatro parlamentares e deve perder mais quatro essa semana para o DEM do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ).

“Esse movimento dos que saem é mais pragmático do que programático. Nessa janela o pessoal vai se assanhar com o toma lá, dá cá. O leilão está grande e as conversas são de que o PR, PSD, DEM e PP estão oferecendo de R$ 2 milhões a R$ 2,5 milhões para as campanhas”, disse o líder do PSB, deputado Júlio Delgado (MG).

O PSB é visto como um dos partidos que deve sair mais enfraquecido da janela. Antes da abertura do período, porém, recebeu dois deputados, Alessandro Molon (RJ) e Aliel Machado (PR). Com isso, a Rede de Marina Silva, de onde os dois saíram, tem hoje apenas três deputados, o que a excluiria da participação em debates nas eleições de outubro.

O número mínimo exigido é de cinco representantes na Câmara. O deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) diz que debate sem Marina é “farsa” e promete ir até ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar garantir sua participação. Ele afirma que a Rede a não entrará no “leilão” do troca-troca.

“Já deixamos de filiar uns poucos, por divergências programáticas. Não queremos quantidade a qualquer preço. Nossa preocupação é eleger deputados. Não capturá-los. Para vir, tem que merecer”, reforçou Miro.

O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), não nega que os valores oferecidos sejam esses. Ele confirma que a prioridade da legenda é a bancada de deputados federais. É por essa bancada que são divididos os recursos do fundo partidário e o tempo de televisão nas eleições.

“Vamos criar uma comissão para apresentar na reunião da Executiva como será gasto o dinheiro dos fundos partidário e eleitoral. Não resta dúvida que o Progressistas, pela sua história, pela maioria da Executiva, vai priorizar eleição de deputado federal. É imprevisível (quantos vão para o PP)”, explicou Ciro Nogueira.

Para conter uma revoada de tucanos, a Executiva Nacional do PSDB discutirá na próxima quinta-feira, 8, a distribuição do fundo, mas os dirigentes dizem ser impossível competir com partidos que não terão candidatos a presidente.

“Quem tem candidato a presidente terá mais dificuldade. Dentro da economia que o PSDB vem fazendo, serão mais de R$ 500 mil, mas muito menos do que o DEM, por exemplo, que está falando em R$ 2 milhões. Devemos ficar entre 60% a 70% disso. É difícil segurar nessa janela. Nosso diferencial é que temos um candidato competitivo a presidente, com palanque forte, que pode carregar os candidatos a deputado”, comentou o líder do PSDB na Câmara, deputado Nilson Leitão (MT).

No PSDB, segundo o deputado Daniel Coelho (PE), os parlamentares estão ouvindo e analisando o quadro de propostas de outros partidos. Ele avalia deixar o partido rumo ao PPS por questões regionais, mas ainda não bateu o martelo.

“Acho que quase todos estão analisando o quadro e ouvindo propostas. Não tenho escondido que minha situação está indefinida. Difícil dizer, quem ou quantos, pois cada um está tendo cautela em suas conversas. Eu tenho admitido publicamente a possibilidade, como admito permanecer no PSDB”, afirmou Daniel Coelho.

Com a proibição de doações de empresas para as campanhas, o financiamento será feito pelos fundos eleitoral e partidário, além de contribuições de pessoas físicas.

Com informações do Jornal O Globo