Tudo a ver
Diante da explosiva e gravíssima denúncia da revista Veja de que Temer teria usado a ABIN para chafurdar a vida do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, mesmo sem pretender dar crédito à teoria da conspiração, não dá para deixar de imaginar que tenha sido um mero acidente aéreo a morte do ministro Teori Zavascki , a quem Fachin substitui na maior operação contra corrupção da história.
A casa caiu, e agora?
“Estou preocupado com esse novo roteiro do TSE. Se absolver Temer e Dilma, a casa cai”. Senador Tasso Jereissati. Absolveu, como já era esperado. Espera-se agora que o PSDB cumpra a promessa de pular fora do governo, pelo menos como antecipou o tucano cearense. Outro tucano de respeito, Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB, disse que o partido “tem a obrigação” de recorrer da decisão do TSE. Para ele, Temer “perdeu a capacidade de governar. Sabemos que vão surgir fatos novos que mostrarão que este governo tem um limite”.
O TSE tem de ser implodido
Como disse o jornalista do O Globo e Globo News, Merval Pereira, aquilo ali não presta para nada. A absolvição de Temer e Dilma atingiu gravemente o Judiciário, tendo o TSE como fonte desse desgaste. Um tribunal que só existe no Brasil e em poucos países periféricos, que fala grosso com vereadores e governadores, mas afina com presidentes, por mais fortes que sejam as provas, acabará dando razão ao ditado que diz: o que só existe no Brasil, ou é jabuticaba ou não tem serventia.
Papai irado
Na retomada da sessão que inocentou a chapa Dilma-Temer no TSE, na tarde de sexta-feira (9), o ministro
cearense Napoleão Nunes Maia Filho pediu a palavra para falar sobre o episódio em que seu filho foi barrado no tribunal. Exaltado, afirmou que o filho apenas estava trazendo um envelope com fotos da sua neta. Dando continuidade, Napoleão atacou a imprensa, falando sobre reportagens em que delatores da OAS teriam mencionado nomes ligados ao Judiciário, entre eles o de Napoleão. “Desejo que sobre eles desabe a ira do profeta. Eu sou inocente de tudo isso, estou sendo injustamente, perniciosamente, sorrateiramente e desavergonhadamente prejudicado no meu conceito.” – esbravejou Napoleão.
Final ruim
“Um delator teria dito que eu intercedi. Eu nunca vi esse advogado e duvido que tenha dito isso. A mentira é do delator, que disse isso para me incriminar em troca das benesses que recebeu. A delação está servindo para isso. Alguém pode ser solicitado a denunciar alguém em troca de uma benesse e [esse] alguém que amargure pelo resto da vida.” – criticou Napoleão Nunes. Ele atacou duramente o instrumento da delação premiada. “Se isto não terminar, o final não será bom. Todos nós estamos sujeito ao alcance dessas pessoas [delatores]. O sujeito fica indefeso diante disso, deve amargurar isso no coração?”, questionou o ministro.
Profeta irado
“Tomei sete decisões contrárias à OAS”, prosseguiu, acrescentando que a citação a seu nome em delação da OAS é “cínica e sem vergonha. Um infrator confesso da legislação, da ética e da moralidade faz delação para receber benesses e cita o meu nome.” – rebateu Napoleão. Citando a imprensa, o ministro prosseguiu: “Não é jornalista quem faz isso. Se isso não terminar, o final não será bom.” – enfatizou, visivelmente alterado. Napoleão: “A
ira do profeta não vou dizer o que é. Eu vou fazer um gesto da ira do profeta.”
Cabeças cortadas
“Eu recebi da diaconia da minha igreja em Fortaleza uma pergunta sobre isso, esse negócio da [delação]. Eu respondi ao pastor simplesmente assim: ‘Com a medida que me medem, serão medidos. E sobre ele desabe a ira do profeta’. É uma anátema islâmica. A ira do profeta não vou dizer o que é. Eu vou fazer um gesto da ira do profeta (neste momento, o ministro fez o gesto de cortar cabeças, para explicar o que queria dizer). É o que eu desejo, que sobre eles desabe a ira do profeta. Eu sou inocente de tudo isso, estou sendo injustamente, perniciosamente, sorrateiramente e desavergonhadamente prejudicado no meu conceito”, criticou Napoleão.
Barrado no baile
Sem paletó e gravata, traje obrigatório para ter acesso ao plenário principal do TSE, o filho do ministro Napoleão Nunes Maia foi barrado pela segurança do tribunal, quando tentava assistir à sessão de julgamento da ação que propõe a cassação da chapa Dilma-Temer. Napoleão afirmou que, logo após o episódio, um site publicou notícia dizendo que “homem misterioso portando envelope tenta forçar entrada na corte para entregá-lo ao ministro Napoleão”.
Álbum de família
“Ele veio me entregar fotos da minha neta, de três anos. Não vinha trajado a rigor e, portanto, acertadamente, não pôde entrar no tribunal. Era simplesmente um envelope com as fotos de uma criança.” – disse, criticando a repercussão do assunto. Tudo bem que seja verdadeira a indignação do ministro, porém a entrega da fotos da
netinha precisava ser mesmo durante uma sessão histórica do TSE.
Capas pretas delatados
Reportagem do Valor Econômico de sexta-feira aponta que, em busca de acordo de delação premiada com a PGR, sócios e executivos do grupo OAS mencionaram aos investigadores mais de duas dúzias de nomes ligados ao Judiciário, entre os quais o do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e integrante do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Napoleão Nunes Maia Filho, conforme apurou o Valor com fontes a par das rodadas de negociações.
Diz que atendeu
A Agência Lupa também diz, em reportagem, que o ministro Napoleão foi citado pelo delator Francisco Assis e Silva, executivo da JBS, em sua delação. À Procuradoria-Geral da República, Assis disse que o ex-advogado do frigorífico, Willer Tomaz, preso na operação Patmos, tinha lhe contado sobre uma solicitação de interferência feita a Napoleão por conta de uma decisão contrária a José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado Celulose, no âmbito da Operação Greenfield. Ainda de acordo com Assis, Willer Tomaz teria dito que o pedido havia sido atendido por Napoleão.
Calma!
Tomaz, segundo Assis: “Olha, a decisão contra o Zé Carlos estava pronta segunda-feira. Eu consegui reverter. Pedi para o ministro Napoleão interferir. Ele interferiu e vai me dizer alguma coisa nos próximos dias.”
Assis: Pera aí, custou quanto?