Em busca de controle de gastos, segurança ou acesso a facilidades financeiras, mesmo excluídos do sistema bancário convencional, consumidores têm aderido ao cartão pré-pago. O volume de recursos movimentados por essa modalidade disparou no país e atingiu R$ 4,6 bilhões, somente no primeiro semestre deste ano. Foi um crescimento de 62,3% em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 2,8 bilhão), segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). O cartão pré-pago se disseminou rapidamente entre consumidores com renda mais baixa, clientes endividados com nomes sujos e sem contas em bancos, pais que querem controlar a mesada dos filhos e clientes que temem golpes com cartão de crédito.

— Comecei a usar o cartão pré-pago há, pelo menos, seis meses para ter mais controle financeiro e de gastos. O valor que você gasta é somente aquele que foi depositado. Com o cartão de crédito, é mais fácil se perder na fatura e ter uma surpresa desagradável no fim do mês. Uso para pagar supermercado, posto de gasolina e salão — contou o prestador de serviços Jorge Ramos, de 58 anos.

A opção também ficou mais conhecida por suas versões de vale-presentes de lojas e cartões de recarga para viagens internacionais. A modalidade é uma alternativa para cerca de 50 milhões de brasileiros “desbancarizados”, segundo o IBGE.

— Em muitos casos, o pré-pago é a primeira experiência ou o primeiro passo para ter contato com produto bancários. É um sistema de pagamento que atrai o consumidor que deseja ter mais segurança e permite controlar melhor o saldo, impedindo o endividamento — disse Ricardo Vieira, diretor executivo da Abecs.

O uso dos cartões pré-pago é relativamente simples, mas a facilidade de adquisição do produto exige cuidados por parte dos usuários.

— É preciso observar as tarifas porque, dependendo do uso, elas podem sair mais caras do que manter uma conta-corrente com cartão convencional no banco. Por outro lado, há relatos de dificuldade de comunicação com as centrais de atendimento do consumidor, por exemplo, em caso de problemas, como compras indevidas — alertou Ione Amorim, economista do Instituto Brasileira de Defesa do Consumidor (Idec).

Compra online e pagamento de contas

Embora o crescimento do cartão pré-pago seja bastante expressivo, o volume ainda é pequeno, se comparado com os tradicionais cartões de débito e crédito, que somaram operações de R$ 715,3 bilhões no período. O perfil dos consumidores que vêm aderindo ao pré-pago inclui boa parte das famílias de baixa renda, autônomos, donas de casa, pessoas sem acesso fácil a agências bancárias, pais que desejam dar mesada aos filhos ou pagar por serviços de funcionários. Para Ricardo Taveira, presidente da Quanto, plataforma de open banking do Brasil, a facilidade de cadastro e a falta de exigência de análise de crédito estão impulsionando o uso de pré-pagos:

— O cliente fornece informações básicas e consegue ter acesso a um grande número de operações e recarga fácil em pontos de venda e boleto bancário.

Elvis Tinti, diretor-executivo de Marketing e Vendas da Acesso, empresa de soluções em pagamentos, acredita que o crescimento das vendas virtuais também impulsiona o uso do pré-pago:

— A modalidade expandiu sua capilaridade como meio de pagamento, podendo ser usada para compras on-line e até para pagar contas.

O que você deve saber antes de adquirir um cartão pré-pago:

Há contrato de adesão?

Pesquise e leia sobre as principais características da modalidade.

Qual é o custo do operações, incluindo valor para aquisição, tarifa de recarga e mensalidade?

Verifique a validade do cartão e o que acontece quando o cartão vence e ainda há créditos disponíveis no cartão.

Quais são os canais de recarga, onde e em quais transações ele pode ser utilizado?

Quais benefícios adicionais ele oferece?

Se ocorrer um problema, qual é o procedimento para receber estorno?

Se houver precisar cancelar uma compra, como essa operação é realizada?

Qual é o canal de atendimento ao consumidor?

Verifique a reputação da empresa que opera o cartão e as principais reclamações

Itaú

Com o cartão pré-pago oferecido pelo banco, é possível fazer compras em diversos estabelecimentos e saques nos caixas eletrônicos Itaú. De acordo com informações do site do banco, é preciso carregá-lo com o valor desejado e ainda escolher quem poderá utilizar o cartão: pode ser você ou alguém de sua preferência. É possível acompanhar a movimentação do cartão por meio do demonstrativo de lançamentos disponível na internet. A tarifa de emissão e carga é de R$ 15, e a mensalidade é de R$ 4,50.

Bradesco

O Bradesco DIN é um cartão pré-pago que pode ser pedido pelo aplicativo ou pelo site do banco. Segundo a página virtual da instituição, o cartão tem as bandeiras Elo e Visa e pode ser utilizado para compras no Brasil e no exterior, além de permitir saques nas máquinas de autoatendimento da rede. O novo cartão não exige nenhum tipo de comprovação de renda ou análise de crédito, e pode ser usado para recebimento de salário, sem a necessidade de ter uma conta-corrente. A idade mínima para solicitá-lo é de 14 anos. Serão cobradas tarifas de emissão, de R$ 15, e de manutenção, de R$ 2,99.

Banco do brasil

O Banco do Brasil oferece o cartão Ourocard pré-pago recarregável Visa sem anuidade. Em seu site, o BB informa que a tarifa para emissão do cartão é de R$ 10, com taxa de manutenção mensal no valor de R$ 5. A taxa para efetuar saques é cobrada a partir da terceira retirada de dinheiro no mês e custa R$ 5. Os dois primeiros saques no mês em caixas eletrônicos são gratuitos. Não há cobrança pela recarga, que é feita nos terminais de autoatendimento, pela Internet e pelo app da instituição financeira. É possível solicitar o cartão pela internet ou pela central de atendimento do BB. O limite máximo é de cinco cartões pré-pagos por cliente. Não há exigência de renda mínima, e o pré-pago não pode ser usado para compras pela internet.

Acesso

O cartão pré-pago da Acesso pode ser adquirido em pontos de venda do varejo e lojas. Se o depósito inicial for superior a R$ 100, o cliente não paga o cartão. Mas se não for, o custo do pré-pago é de R$ 14,90. A tarifa de manutenção tem valor de R$ 5,95 por mês, e há a cobrança de uma tarifa de R$ 2,50 para recargas com valores inferiores a R$ 500. As recargas podem ser feitas em terminais disponíveis em supermercados, casas lotéricas, agências bancárias e por meio da internet e de aplicativos.

 

 

 

 

 

Com informação do Jornal Extra