to: Claudio Vieira/PMSJC

Os sintomas de mal estar que algumas pessoas experimentam após receber a vacina da Covid-19 estão ligados ao surgimento dos novos anticorpos contra o vírus, mas os recipientes da vacina não precisam necessariamente passar mal para que a vacina funcione, indica um novo estudo.

A conclusão saiu de um levantamento com 954 profissionais de saúde feito em Baltimore, nos EUA. Cientistas da Universidade Johns Hopkins constataram que os efeitos colaterais leves após a aplicação da vacina (cansaço, febre, dor de cabeça e outros) não estão relacionados com a capacidade do organismo de produzir anticorpos, proteínas de defesa do sistema imune que atacam o coronavírus.

Em estudo na revista JAMA Internal Medicine, da Associação Médica Americana, os pesquisadores relataram ter visto uma ocorrência maior desse tipo de mal-estar em quem já tinha tido infecção por Covid-19 antes ou em quem estava tomando a segunda dose de vacina. Isso foi um sinal de que a presença prévia de anticorpos para o vírus estava ligado aos sintomas de reação.

Após o período de assentamento da segunda dose, porém, as pessoas que tinham relatado efeitos colaterais leves não não apresentavam concentração maior nem menor de anticorpos para o Sars-CoV-2.

Na pesquisa, foram avaliados indivíduos vacinados com produtos da Pfizer ou da Moderna. Os cientistas, liderados pela médica sanitarista Amanda Debes, afirmam que conduziram a pesquisa em parte para sanar uma dúvida comum no público.

“Ainda não se sabia se os sintomas após a vacinação estavam associados com a efetividade e, portanto, pessoas que não desenvolvem a reação podem demonstrar ansiedade”, escreveram a pesquisadora e seus colegas.

O resultado da pesquisa, porém, sugere que esse tipo de receio não precisa existir.

“Quase 100% dos profissionais de saúde neste estudo montaram uma resposta de anticorpos forte após a segunda dose de vacina de RNA contra o Sars-CoV-2, independentemente de reações induzidas pela vacina”, escreveu Debes.

Apenas um dos 954 voluntários do estudo mostrou baixa produção de anticorpos. O estudo também viu uma correlação já esperada com faixa etária, mostrando que pessoas com mais de 60 anos tinham a resposta imune mais fraca em média.

Os cientistas alertam, porém, que a presença de anticorpos não é uma medida direta de eficácia da vacina. Para isso, foram realizados testes os clínicos específicos desses imunizantes, mostrando que eles tiveram eficácia de 95% (Pfizer) e 94% (Moderna) contra doença sintomática.

(*) Com informações O Globo