Uma pesquisa realizada Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo em parceria com o Instituto do Coração (Incor) e o Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Medicina da USP apontou que o consumo de vape (cigarro eletrônico) leva a níveis de intoxicação no organismo superiores em comparação com o uso de cigarro convencional.
- Os pesquisadores analisaram dados de 200 fumantes de cigarro eletrônico;
- Os níveis de nicotina nesses indivíduos estavam de três a seis vezes maiores em relação aos fumantes de cigarros comuns.
“O estudo indica que a intoxicação por nicotina em quem usa o cigarro eletrônico é tão alta quanto, ou até pior, que nos usuários de cigarro tradicional. Também foi notado uma falta de conhecimento entre os mais jovens sobre os riscos de dependência”, apontou Jaqueline Scholz, diretora do Núcleo de Tabagismo do Incor e coordenadora da pesquisa.
“Parar de usar o produto por conta própria é uma fantasia. Trata-se de um produto altamente viciante que contém substâncias extremamente tóxicas, que também afetam as pessoas ao redor. Ao inalar as partículas ultrafinas depositadas no ar, estas chegam ao sistema respiratório, atravessando a membrana pulmonar e causando uma grande inflamação”, destaca a pesquisadora.
Em abril deste ano, diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiram por unanimidade manter proibida a comercialização do produto no Brasil. Apesar disso, os dispositivos são facilmente encontrados no comércio ou online.
Maioria dos profissionais da saúde é contra liberação
Em consulta pública realizada pela Anvisa sobre os cigarros eletrônicos (também chamados de vapes), a maioria dos profissionais de saúde disse ser contra a sua liberação no Brasil.
A consulta é parte do processo de revisão da norma vigente que, desde 2009, proíbe os dispositivos, apesar de serem bastante comuns no país. Iniciada em dezembro, essa etapa terminou em fevereiro, e os dados foram divulgados na última semana.
➡️ No total, foram 13,9 mil participações na consulta pública, entre pessoas, empresas e entidades. A participação não impedia mais de uma contribuição pelo mesmo usuário. Os principais destaques foram:
- 8.197 (quase 59%) disseram ser a favor de mudar a regra atual, incluindo a liberação geral.
- 5.215 (37%) disseram concordar com a norma vigente, que proíbe os vapes.
- Outros 516 participantes não responderam às perguntas.
- Dos 13,9 mil participantes, 1.158 eram profissionais de saúde, sendo que 745 (cerca de 65%) foram a favor de manter a proibição e 413, contra.
- A consulta ainda questionou se os impactos com a regra atual eram positivo, negativos ou os dois. Ao todo, 57% avaliaram que a regra vigente no Brasil tem apenas impactos negativos.
(*)com informação do G1 Brasil