Presidente Jair Bolsonaro | Foto: Reprodução

Desde a eleição de 1989 – a primeira após o fim do ciclo de poder dos militares iniciado em 1964, os brasileiros elegeram cinco Presidentes da República, mas nenhum, de forma tão precoce, se lançou, com tão pouco tempo de mandato, à reeleição.

Coube ao atual presidente Jair Bolsonaro admitir, antes mesmo de concluir o sexto mês de ocupação da cadeira no Palácio do Planalto, que quem não o apoiou em 2018, poderá fazê-lo em 2022. Ou seja, Bolsonaro se antecipou ao calendário para falar sobre a possibilidade de concorrer à reeleição.

As declarações de Jair Bolsonaro, com repercussão nos bastidores políticos dos estados, deixaram ainda mais atônita a oposição – desorganizada, desunida, sem rumo, sem líderes que consigam convergir uma quantidade de militantes para atrair a atenção da sociedade para o contraponto que precisa ser feito ao Governo.

Se Bolsonaro é, entre os presidentes eleitos desde 1989, o mais apressado em pensar na reeleição, é, também, a oposição, a mais frágil nesse período de 30 anos de democracia, de escolha do Chefe da Nação por eleições diretas.

O principal nome da oposição – o ex-presidente Lula, está preso e, no silêncio, não pode articular, nem fazer barulho nas ruas.

Os dois fatos, precocidade para falar de reeleição e fragilidade da oposição, estão ligados e Bolsonaro não se jogou no campo da própria sucessão sem olhar o retrovisor para observar se alguém, com força política eleitoral, o ameaça. Encontrou o vazio no retrovisor e, sem o temor de desgaste que qualquer governante enfrenta, surpreendeu o mundo político ao falar sobre as eleições de 2022.

Bolsonaro pegou os opositores e, também, os aliados de calças curtas e os encurralou, tendo dois escudeiros – o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o Ministro da Justiça, Sérgio Moro. Guedes cumpre o papel de enxugar a máquina pública, inibindo o toma-lá-dá-cá, enquanto Moro, para uma banda da sociedade,  é o novo mito, a referência maior no combate à corrupção.

Bolsonaro constrói, assim, o caminho da sucessão, certo de que o Congresso Nacional não o barrará. Nessa trilha, com dois nomes (Guedes e Moro) para compor a eventual chapa de 2022. Se a economia deslanchar, Guedes é o nome para acompanhá-lo. Se tivermos frustração na economia, o caminho de Bolsonaro é Moro, que incorpora o sentimento de líder das ações de combate à corrupção e, a exemplo do Chefe, um afinado discurso contra à classe política.

PRESIDENTES DA REPÚBLICA (1989-2018)

Collor de Mello (1989) *

Fernando Henrique Cardoso (1994 e 1998)

Luiz Inácio Lula da Silva (2002 e 2006)

Dilma Roussef (2010 e 2014) *

Jair Bolsonaro (2018)**

(*) Collor sofreu impeachment e, em seu lugar, o vice Itamar Franco cumpriu o restante do mandato

(*) Dilma teve, também, o mandato cassado. O vice Michel Temer assumiu

(**) Bolsonaro está no primeiro mandato e poderá, em 2022, concorrer à reeleição.