A derrota do Presidente do Congresso Nacional, Eunício Oliveira (MDB), no dia 7 deste mês, mantém uma simbologia na corrida ao Senado Federal no Ceará: nenhum senador que concorreu à reeleição, nos últimos 32 anos, conseguiu renovar o mandato. Apenas dois cearenses tiveram mandatos consecutivos como representante do Ceará nos 127 anos de existência do Senado da República.
Cinco senadores tentaram, entre 1982 e 2018, se reeleger, mas foram derrotados nas urnas. Há outro dado curioso: apenas três senadores representaram o Ceará em legislaturas distintas – um deles é o atual senador Tasso Jereissati (PSDB). Tasso foi eleito para o primeiro mandato em 2002, tentou a reeleição oito anos depois, mas perdeu a vaga: ele concorreu contra Eunício Oliveira (MDB) e José Pimentel (PT), que foram eleitos como aliados do Governador Cid Gomes.
Tasso voltou à disputa senatorial em 2014 e teve como adversário o economista Mauro Filho, ex-deputado estadual e eleito, no último dia 7, à Câmara Federal. O tucano foi o segundo cearense a se eleger senador em duas legislaturas diferentes – (2002-2011 e 2015-2023). Antes de Tasso, outros dois líderes políticos conseguiram essa proeza – Virgílio Távora (ARENA) e Mauro Benevides (MDB).
Virgílio foi eleito em 1970, cumpriu o mandato até 1978, quando foi indicado pelos militares para governar o Estado do Ceará e, em 1982, voltou ao Senado (PDS). Ex-presidente do Congresso Nacional, Mauro Benevides foi eleito senador, pela primeira vez, em 1974 e, nas eleições de 1986, como aliado do então estreante na política Tasso Jereissati, conquistaria o segundo mandato no Senado. Ao lado de Mauro, Tasso elegeu, também, o radialista Cid Carvalho (MDB).
Cinco senadores tentam renovar mandato e todos são derrotados
As urnas foram impiedosas em cinco eleições com os senadores que tentaram o segundo mandato consecutivo: em 1986, César Cals (PDS), disputou à reeleição, pelo PDS, mas perdeu quando, à época, Tasso se elegeu governador e elegeu ao Senado Mauro Benevides e Cid Carvalho. Em 1978, César foi indicado senador biônico – figura criada pelo regime militar para garantir maioria no Senado Federal. A eleição de 1978 teve apenas uma vaga de senador a ser ocupada de forma direta: a vaga ficou com o professor da UFC, José Lins Cavalcante, aliado de Virgílio, César Cals e Adauto Bezerra.
Depois de César Cals derrotado em 1986 na luta pela reeleição, o mesmo destino, com derrota, foi construído nas eleições de 1994 – Mauro Benevides e Cid Carvalho concorrem ao segundo mandato consecutivo, mas são derrotados por quem os elegeu oito anos antes: Tasso Jereissati, no auge da popularidade, é eleito governador e elege para o Senado Federal os aliados Lúcio Alcântara (PDT) e Sérgio Machado (MDB).
Em 2002, após dois mandatos consecutivos como governador (eleito em 1994 e reeleito em 1998), Tasso, em uma aliança com o PPS liderado pelo ex-governador Ciro Gomes, ganha a eleição ao Senado e ajuda a eleger, também, senadora, a ex-primeira dama do Estado, Patrícia Gomes. Passados oito anos, Tasso tenta, em 2010, se reeleger, mas perde a briga para a chapa de Cid Gomes, reeleito governador e vitorioso nas duas vagas ao Senado com Eunício Oliveira (MDB) e José Pimentel (PT).
O quinto senador do Ceará a concorrer à reeleição, nos últimos 32 anos, e que não consegue êxito nas urnas, é Eunício Oliveira. Eunício, integrante da chapa do governador reeleito Camilo Santana (PT), perdeu a vaga por uma diferença de pouco menos de 12.000 votos (11.993) para o empresário Eduardo Girão (PROS). O primeiro colocado nas urnas ao Senado foi o ex-governador Cid Gomes (PDT).
História de 127 anos do Senado tem dois cearenses reeleitos
Um dos dois senadores reeleitos na história do Ceará foi o industrial Menezes Pimentel (ARENA) que, em 1958, venceu a disputa pelo primeiro mandato quando estava filiado ao PTB. Pimentel ganhou a reeleição em 1966. Menezes foi eleito para um mandato de quatro anos após a morte do então senador Carlos Jereissati (PTB), pai do atual senador Tasso Jereissati, e do suplente Antonio Jucá. Ambos morreram no exercício do mandato.
O outro senador com dois mandatos consecutivos é Manuel Fernandes Távora, com passagem pelo PDC, PRC e UDN. Com origem política em Jaguaribe, Fernandes Távora foi eleito em 1947 e reeleito em 1954. Ao longo da história, dois cearenses – Mauro Benevides (1993-1994) e Eunício Oliveira (2017-2018) – foram presidentes da Mesa Diretora do Senado.