Quando o processo de ensino e aprendizagem vai além dos limites da sala de aula, acrescentando novas experiências e acesso a conhecimentos diversificados, a formação passa a ser, de fato, integral. O Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), aposta na ideia e vem investindo de forma crescente na ampliação da oferta deste tipo de ensino. Uma das ações neste sentido foi a criação, em 2018, do Centro de Educação Complementar (CEC), que proporciona atividades esportivas, culturais e de cidadania para estudantes da rede pública estadual de ensino.
Em um ano de funcionamento, cerca de 5.600 alunos já foram atendidos pelo estabelecimento. O equipamento funciona em Fortaleza, no complexo do Serviço Social da Indústria (Sesi) da Barra do Ceará, e conta com professores contratados pela Seduc para ministrar as aulas.
A participação dos alunos ocorre a partir do contato feito pelas escolas interessadas à direção do CEC. Após a manifestação das unidades de ensino, os estudantes são encaminhados ao Centro, onde são recepcionados e orientados em relação às atividades ofertadas.
A organização funciona nos três turnos, de segunda a sexta-feira, e oferece oficinas, cursos e atividades lúdicas nos eixos temáticos de arte, cultura e esporte. Em relação aos cursos, cada módulo feito rende uma certificação que pode ser agregada ao currículo escolar.
Futsal, handebol, vôlei, teatro, fotografia, pintura, forró, hip-hop, dança, ballet, construção de pipa, formação de líderes, formação cidadã, cinema, desenho e grafite são as modalidades disponíveis atualmente. Tudo de forma gratuita para os alunos da rede pública estadual. A estrutura física dispõe de mais de 48 mil metros quadrados de área, incluindo estádio, quadra poliesportiva, piscinas, teatro com capacidade para 700 pessoas, salão de dança e dependências administrativas.
Transformação
Vitória Jéssica de Oliveira, de 15 anos, estudante da Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Estado de Alagoas, faz aulas de teatro e dança na unidade. A jovem conta que mudou muitos aspectos no próprio jeito de ser, após ter contato com as artes.
“Perdi a timidez, conheci pessoas maravilhosas, me tornei uma pessoa melhor. Também me ajudou demais na escola, pois passo praticamente o dia todo aqui, em vez de ficar me ocupando com coisas banais”, destaca.
Pedro Elisvaldo Alves, de 17 anos, também aluno da EEFM Estado de Alagoas, participa das aulas de handebol, forró e futsal. Com a experiência, o estudante reconhece ter identificado aptidões que até então desconhecia.
“A equipe toda da Seduc nos recebe muito bem e nos motiva a continuar vindo para cá. O forró eu não sabia que gostava, e percebi que é algo com que me dou muito bem. Fazemos amizades novas, inclusive com pessoas de outras escolas”, salienta.
Ícaro Gabriel Costa, de 17 anos, estudante da EEFM Dom Antônio de Almeida Lustosa, considera o espaço muito bom, assim como as opções de cursos ofertadas, destacando como ponto positivo a realização de certames.
“Estou fazendo futsal e gostei bastante da ideia do Cedi Jogos. A organização do campeonato está sendo muito boa. Estar na escola em tempo integral dá a oportunidade dos estudantes participarem daquilo que mais se identificam”, observa.
A professora Edneuda Pinto, diretora do Núcleo de Esporte e Cultura da Seduc e coordenadora do CEC, explica que o Centro tem a finalidade de proporcionar atividades que possam ser agregadas ao currículo de forma extra.
“Oferecemos oportunidades para que eles desenvolvam as suas diversas potencialidades, por meio dos esportes, das artes, da formação cidadã e da preparação de líderes. São atividades que extrapolam as disciplinas permanentes”, esclarece.
O curso de formação para líderes, por exemplo, ensina a ser “líder de si mesmo”, agregando valores também para o núcleo gestor de cada escola, conforme Edneuda. “Neste curso, oferecemos instrução para a linguagem assertiva e não violenta. Também incentivamos a otimização da confiança entre pessoas do grupo e a potencialização da autoestima”, aponta. Entre os assuntos tratados na formação, encontram-se educação ambiental e patrimonial; educação tecnológica; e linguagem apropriada para entrevistas de emprego.
Interdisciplinaridade
O professor de artes Péricles Davi Lima entende que o universo das manifestações culturais, de modo geral, tem diálogo intenso com a educação.
“Quando os jovens têm contato com a arte, além de ampliar o conhecimento, têm a oportunidade de criar, de usar o intelecto e os processos cognitivos que estão em desenvolvimento na escola. É um complemento do que eles já fazem dentro da sala de aula. Um exercício de fotografia, por exemplo, trabalha a percepção, o ângulo, a matemática. Então, ocorre a interdisciplinaridade. A saída da sala de aula permite, ainda, a sensação de autonomia e liberdade, estimulando a criatividade”, observa.
Na área dos esportes, o professor de educação física Rodrigo Gomes compreende que as práticas incentivam o espírito de coletividade e de cooperação.
“Trabalhamos muito com a empatia, não deixando a disputa subir à cabeça. Nos esportes, não há como fugir do clima de competição, mas isso não é o foco principal. Um ajuda o outro e isso fortalece as relações”, argumenta.
Competências socioemocionais
A formação integral do estudante tem sido um dos princípios pedagógicos assumidos pela política estadual de educação do Ceará, em que são considerados imprescindíveis ao sucesso do processo de ensino-aprendizagem, os aspectos cognitivos, psicomotores e socioemocionais. O aumento do tempo escolar amplia as oportunidades de aprendizagem que favorecem o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais, além do protagonismo estudantil.
Serviço:
Centro de Educação Complementar
Endereço: Av. Francisco Sá, 6623 – Barra do Ceará – Fortaleza-CE
Telefone: (85) 3237.7161
Horários de agendamento: 8h às 17h
(*)com informação do Governo do Estado do Ceará