Dos 21 parlamentares que se sentaram à mesa para mudar as regras das eleições de 2018, 16 são formalmente investigados em inquéritos da Lava-Jato em curso no Supremo Tribunal Federal. Ou seja, 3/4 estão na mira da operação. Este grupo de deputados e senadores participou de um jantar na residência oficial do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), para buscar um consenso para a reforma política em discussão no Congresso. O encontro terminou já no início da madrugada dessa quarta-feira, com definições sobre quais mudanças ocorrerão nas eleições do ano que vem.

É corrente no Congresso que a Lava-Jato provocará efeitos na disputa eleitoral de 2018. Parlamentares correm para aprovar mudanças que sejam válidas já para as eleições do próximo ano, diante da perspectiva de alta renovação da Câmara e do Senado decorrente dos efeitos da operação sobre os políticos tradicionais.

O jantar na casa de Eunício reuniu os seguintes políticos investigados na Lava-Jato: o próprio presidente do Senado; o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); os senadores Fernando Collor (PTC-

AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Renan Calheiros (PMDB-AL), Edison Lobão (PMDB-MA), Jader Barbalho (PMDB-PA), José Serra (PSDB-SP) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES); os deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Arthur Lira (PP-AL), Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Carlos Zarattini (PT-SP), Vicente Cândido (PT-SP) e José Guimarães (PT-CE); e o ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB-AP).

A maioria desses parlamentares passou a ser investigada a partir das delações da Odebrecht, diante da suspeita de recebimento de repasses ilegais da empreiteira — parte dos recursos bancou campanhas eleitorais. Na residência oficial do presidente do Senado, os políticos gastaram boa parte do tempo discutindo justamente como as campanhas serão bancadas no ano que vem e de onde sairá o dinheiro para abastecer um fundo público destinado ao custeio dessas campanhas.