Filho  e neto de agricultores, Edinaldo Clementino nasceu e foi criado em Barreiras, na zona rural de Quixeré, município que faz fronteira com o estado do Rio Grande do Norte. Aprendeu desde cedo o ofício do cultivo de alimentos e, ao longo dos anos, viu a agricultura de subsistência evoluir para produção, comercialização e processamento de frutas na região.

“Comecei a andar no campo aos oito, nove anos de idade. Na época, era agricultura de subsistência. Meu pai plantava para comer e trocava o que sobrava com os outros produtores do local. Não existia investimento do Governo e a gente ficava só esperando a chuva. Hoje, podemos fazer a nossa própria chuva e temos incentivo para o preparo da terra, perfuração de poços e financiamentos, além do escoamento e venda da nossa produção. Doze anos atrás não existia nada disso. Meu pai tem 80 anos e não viveu isso, mas está tendo a oportunidade de ver essa mudança”, conta, referindo-se à criação da Secretaria do Desenvolvimento Agrário há quase 10 anos, em 7 de fevereiro de 2007.

Hoje, aos 47 anos, Edinaldo produz frutas, principalmente acerola, vende os produtos in natura para empresas e moradores do município. Ele também ajuda a estimular a economia local comprando cajá, caju, manga, tamarindo e goiaba de outros pequenos produtores. Tudo isso para diversificar a produção de polpas na pequena fábrica que ele tem ao lado da casa do pai, o agricultor Francisco Guimarães.

Agricultor e empreendedor

Edinaldo Clementino emprega seis pessoas na colheita das frutas e quatro na fábrica. Segundo ele, esses últimos cuidam das seguintes etapas: lavagem, despolpamento, envasamento, embalamento e congelamento. “Todos os dias, mil quilos de frutas passam por esse processo, o que dá uma média de 20 mil quilos por mês. A produção é vendida para o Estado, para o Município e para o comércio daqui e de cidades vizinhas”.

E o negócio segue crescendo. “Os projetos do Governo para a agricultura familiar têm o limite de R$ 20 mil por ano de faturamento. Isso era tudo para a gente, mas hoje é muito pouco, por isso estamos abrindo uma empresa. Queremos alcançar as grandes redes de supermercado, inclusive da Capital. Serei sócio da minha filha Paloma, que tem 23 anos e faz faculdade de Administração”, complementa.

Esse crescimento, ele explica, se deve também ao aproveitamento de todos os produtos e subprodutos do processo. “Essa é a melhor parte, nós não desperdiçamos nada. O resto das frutas é utilizado como ração para os animais. Além disso, serve como adubo juntamente com a palha da carnaúba”.

Desperdício também não existe quando se trata de água. “Aqui tem muita água no subsolo. Com o poço, tiramos a água para a fábrica e para irrigar a plantação. E reaproveitamos tudo. A água da lavagem das frutas volta para a irrigação”.

Inovação

Edinaldo Clementino também é destaque em inovação na agricultura familiar. Ele instalou uma turbina de energia eólica na propriedade, produz energia limpa e reduz os custos da propriedade. “Essa é a primeira miniturbina instalada na agricultura familiar no Brasil. Conseguimos financiamento e instalamos há dois anos. Pagamos, em média, R$ 800 de energia por mês, mas sem a energia eólica pagaríamos cerca de R$ 2 mil. Tem mês que não pagamos nada”, finaliza orgulhoso.

A SDA

A Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) promove o desenvolvimento rural sustentável do Ceará, com ênfase nos agricultores e agricultoras familiares, com participação, inclusão e justiça social. A ideia é planejar, coordenar e executar, diretamente ou através das suas vinculadas, as ações do Governo para o desenvolvimento da agropecuária, mediante apoio à agricultura familiar, ao incremento do agronegócio, ao fortalecimento da agricultura de sequeiro e pecuária, à expansão da agricultura irrigada, com destaque para fruticultura, floricultura, olericultura, pesca e aquicultura.

A estrutura da SDA foi criada pela Lei nº 13.875 de 7 de fevereiro de 2007, na gestão do governador Cid Gomes. O primeiro secretário da Pasta foi o atual governador do Estado, Camilo Santana.

 

“Comecei a andar no campo aos oito, nove anos de idade. Na época, era agricultura de subsistência. Meu pai plantava para comer e trocava o que sobrava com os outros produtores do local. Não existia investimento do Governo e a gente ficava só esperando a chuva. Hoje, podemos fazer a nossa própria chuva e temos incentivo para o preparo da terra, perfuração de poços e financiamentos, além do escoamento e venda da nossa produção. Doze anos atrás não existia nada disso. Meu pai tem 80 anos e não viveu isso, mas está tendo a oportunidade de ver essa mudança”.

“Aqui é tudo 100% orgânico. Não temos certificação ainda por questões burocráticas, mas tudo é natural. Tiramos o controle das pragas da própria natureza, que por sinal é bem mais barato e mais saudável que qualquer produto”.

“Tudo o que temos vem daqui, então eu cuido da água, da terra. Estamos reflorestando uma parte do terreno com cedro. Não temos interesse comercial nenhum com isso, é apenas para cuidar do local”.

Com informação da A.I