O Presidente interino da Executiva Nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, tentou, mas terminou a terça-feira (01) sem o encontro que esperava ter com o seu colega de bancada, senador Aécio Neves, para entregar o comando da sigla. Tasso se sentiu atropelado com os movimentos de Aécio, que se reuniu com o presidente Michel Temer para garantir mais apoio ao Governo Federal no PSDB.

O senador cearense é favorável ao desembarque do PSDB do Palácio do Planalto e, diante das articulações de Aécio Neves quer devolver o cargo de Presidente da Executiva Nacional. Aécio chegou a ser afastado do mandato de senador, ficou fora das atividades no Senado após a Procuradoria Geral da República (PGR) denunciá-lo por suposto pedido de dinheiro ao Grupo JBS. Aécio nega a denúncia, mas a ação da PGR o tirou da corrida pela Presidência da República em 2018 e provocou o seu afastamento da cúpula nacional do PSDB.

Uma reportagem do Jornal Valor Econômico, edição dessa quarta-feira (02), registra que a retomada pelo senador Aécio Neves na presidência do PSDB tornou-se mais um ponto na crise dentro do partido. De acordo com a reportagem, era esperada para esta terça-feira uma reunião de Aécio e Tasso. Durante a reunião, Tasso Jereissati entregaria uma carta a Aécio a quem devolveria o cargo de presidente do partido.

O encontro não aconteceu e há expectativa para o desdobramento da crise interna no PSDB para as próximas horas. Dentro do PSDB, o sentimento é único: Tasso se sente tolhido com a decisão de Aécio Neves em voltar a articular as decisões partidárias antes mesmo de retornar à presidência. O comportamento do senador mineiro criou uma situação incômoda e constrangedora para Tasso que, embora sendo presidente, não está tendo a liberdade para exercer o poder.

Interlocutores de Aécio Neves consideram que o adiamento da reunião com Tasso Jereissati foi planejado uma vez que o mineiro espera a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer, nesta quarta-feira, para definir quais rumos políticos adotar. Aécio comunicou, no mês de julho, que, em agosto, se afastaria em definitivo da Presidência da Executiva Nacional do PSDB.

O movimento de Aécio, ao se reunir com o presidente Michel Temer, gerou desconfiança entre tucanos que vêem o mineiro disposto a reassumir o cargo. Diante do impasse, Tasso afirmou que pretende entregar o cargo, mas antes quer ter uma conversa direta com Aécio Neves. “Entregando [o cargo], ele é o presidente. Faz o que quer. Ele assume e tomas as decisões”, disse Tasso, referindo-se ao senador Aécio Neves.