Alvo de constantes críticas dos consumidores em função da qualidade dos serviços, a Enel se prepara para deixar o Estado do Ceará. O grupo que controla a empresa, segundo reportagem do portal do Jornal O Globo, vai vender a distribuidora de energia no Ceará em 2023. A estratégia, com essa iniciativa, é priorizar a atuação no Rio de Janeiro e São Paulo.
O plano de negócios do grupo prevê, de acordo com o plano de negócios de 2023 a 2025, divulgado nesta terça-feira durante apresentação para investidores em Milão, na Itaália, com transmissão on-line, a saída da companhia de outros países – Peru, Argentina e Romênia.
‘’Vamos seguir o reposicionamento estratégico deste ano, nos desfazendo de ativos e deixando de atuar em regiões que não estão mais alinhadas com o propósito da companhia. Assim, em 2023, venderemos ativos como de geração a gás, incluindo Ceará, no Brasil’’, disse, em declaração publicada pelo Jornal O Globo, o CEO da Enel, Francesco Starace, que, ainda, acrescentou. ‘’E vamos sair de Romênia, Peru e Argentina’’.
A Enel Ceará está presente nos 184 municípios do Ceará e atende quase 4,4 milhões de unidades consumidoras. Segundo Francesco Starace , os investimentos continuarão sendo feitos no Brasil, onde há maiores retornos.
‘’’Investimos onde estão os maiores retornos, tanto em geração quanto em rede. O Brasil é um continente. E queremos focar nossas capacidades nas grandes áreas metropolitanas, sobretudo Rio e São Paulo’’, afirmou o CEO da Enel, ao dizer também. ‘’Temos um enorme cronograma de projetos no país, que precisa adicionar geração além da hidrelétrica, com mais eólica e solar, para garantir a segurança do sistema’’.
PLANOS, NEGÓCIOS E INVESTIMENTOS
O plano prevê que o esforço em deixar as operações ligadas a combustíveis fósseis e focar em seis países-chaves — Itália, Espanha, Estados Unidos, Brasil, Chile e Colômbia — tem como indutor a transição energética da companhia, que antecipou em dez anos, de 2050 para 2040, a meta de zerar suas emissões de carbono.
O novo plano prevê € 37 bilhões em investimentos entre 2023 e 2025, recuando dos € 43 bilhões anunciados no último ano e previstos até 2024. O endividamento líquido subiu 34,2%, para € 69,7 bilhões. Na divulgação de resultados, a companhia justificou esse salto em grande parte por despesas com compra e venda de ativos, incluindo a aquisição da italiana ERG Hydro. Os dados mostram que, de janeiro a setembro deste ano, a Enel registrou lucro de € 1,76 bilhão, quase 30% menos que nos primeiros nove meses de 2021.