Envolto em uma negociação de abertura de espaço para o Centrão na Esplanada dos Ministérios, o presidente Luiz Inácio Lula da  Silva, até o momento, tem ignorado as acusações que cercam o ministro das Comunicações, Juscelino Filho.

Não está no radar do presidente “fritar” o ministro, mesmo após a operação da Polícia Federal da última sexta-feira, que alcançou em cheio seu auxiliar. 

Juscelino teve seus bens bloqueados pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele e outros novos suspeitos. A irmã do ministro, a prefeita Luanna Resende, de Vitorino Freire (MA), foi afastada do cargo.

A investigação da PF trata de emendas do ministro, quando estava no seu mandato, na Câmara. Ele é deputado federal pelo União Brasil, reeleito pelo Maranhão. Recursos dessas emendas de Juscelino financiaram obras da empresa Contruservice, contratada pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), concluiu a investigação. Barroso negou pedido da PF de busca e apreensão contra o ministro.

Este não é o primeiro episódio negativo que o ministro protagoniza no governo. Ele já foi alvo da acusação de usar avião da FAB para compromissos particulares em São Paulo, onde participou de um leilão de cavalo. Lula o segurou no cargo, após pressão do Centrão e de seu partido. O presidente não o conhecia até anunciá-lo como ministro das Comunicações, ainda na transição, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), no fim de dezembro, e precisou ler seu nome num papel. 

Lula está decidido a não demitir Juscelino, o que não significa que não esteja acompanhando o caso. O ministro da Justiça, Flávio Dino, tem abastecido o presidente com informações sobre a investigação.

Negociações com Centrão

O presidente está preocupado neste momento em fechar a costura que vai levar representantes do Republicanos e do PP para seu ministério. Os nomes já foram até anunciados pelo ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, e os contemplados com as pastas são os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). Falta definir que áreas assumirão. 

Outro fator que irá manter Juscelino no cargo, por enquanto, é a intrincada relação de Lula com o líder do União, o deputado Elmar Nascimento (BA), que já deu declarações de não ter como ser da base do governo e que deputado quer mesmo é emenda liberada.

Nas votações na Câmara, o Palácio do Planalto tem conquistado, a muito custo, o apoio do União e não quer problemas com Elmar, que é muito ligado a Arthur Lira (PP-AL). 

Apoio do partido

Após a operação da PF, o líder do União divulgou nota em apoio a Juscelino, o que soou como um recado ao Planalto para não mexerem com seu aliado no ministério. Elmar afirmou que o ministro tem sido “alvo de ataques” desde que assumiu o cargo no governo. 

“Temos uma investigação ainda em fase de inquérito, com denúncias e indícios que ainda não foram devidamente apurados e cuja falta de evidências serviram de embasamento para que se negasse, por exemplo, mandados de busca contra a pessoa do ministro Juscelino”, afirma Elmar Nascimento na nota. 

Para o parlamentar, com a repercussão da operação da PF nas redes e a divulgação nos jornais e TVs se cria uma “atmosfera de acusação pública”. E, diz ele, depois de constatada a improcedência da investigação, a “verdade é negligenciada”. 

“Quando as investigações subsequentes não encontram evidências de crime, má-fé ou corrupção, a divulgação da verdade é negligenciada ou minimizada” , completou. Por seus advogados, o ministro negou as acusações.

(*)Com informação do Correio Braziliense