Expressões preconceituas e machistas usadas pelo deputado estadual Artur do Val, do Podemos, contra mulheres ucranianas ganharam repercussão internacional e poderão levar a perda de mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Conhecido, também, como Mamãe Falei, Artur do Val viajou à Ucrânia para acompanhar, segundo ele, a guerra deflagrada pela Rússia e, em mensagens endereçadas a um amigo e vazadas nas redes sociais, diz que pobreza em que vivem facilita o acesso a mulheres ucranianas.
Artur do Val assim descreve as ucranianas: “Elas olham, e eu vou te dizer, são fáceis porque elas são pobres! E aqui, cara, a minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Depois eu te conto a história. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas minas, porque eu não tinha tempo.
E mais à frente afirma, o deputado continua: “Se você pegar fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila dos refugiados aqui. Eu estou mal, eu estou triste, é inacreditável”.
As declarações machistas tiveram resposta, Artur do Val foi obrigado a retirar a pré-candidatura ao Governo do Estado, perdeu a namorada, deve ser expulso do Podemos, responderá a processo por decoro parlamentar e corre o risco de perder o mandato. O deputado pediu desculpas pelas expressões, mas o estrago já estava feito.
DESDDOBRAMENTOS
A repercussão da fala de Artur do Val vai continuar ao longo da semana que marca o Dia Internacional da Mulher, comemorado nessa terça-feira, dia 8. O senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, anunciou que quer convocar o deputado estadual paulista Arthur do Val após as declarações ofensivas proferidas contra mulheres ucranianas. De acordo com o senador, “ele terá de comparecer para explicar as declarações misóginas, machistas e atentatórias à dignidade humana que fez contra as ucranianas”.
Outra manifestação partiu da Procuradoria Especial da Mulher e da Bancada Feminina do Senado que publicaram nota de repúdio com relação às declarações do deputado estadual Arthur do Val. “São repugnantes, asquerosas e uma das maiores indignidades que já vimos. Agridem as mulheres, envergonham o Brasil, enxovalham a política. Pior, foram feitas em um contexto de guerra e dor’’, diz, em duro tom, a nota.