O Governo Temer, após escapar da denúncia da Procuradoria-Geral da República, agora corre atrás de atender as demandas dos deputados da base aliada. A pressão é pelos cargos ocupados por “infiéis”. Impacientes com a demora da exoneração e redistribuição dos cargos, eles ameaçam travar a discussão da reforma da Previdência e até retirar apoio ao presidente na votação de uma provável segunda denúncia apresentada pela PGR.
Os aliados querem os quatro ministérios ocupados pelo PSDB, além dos cargos em escalões inferiores. O partido entregou menos da metade de seus 46 votos a favor de Temer. Dirigentes do PMDB e de siglas do chamado centrão já deram recados ao Planalto para exigir uma recompensa imediata pela fidelidade demonstrada.
Além do partido do presidente, o bloco formado por PP, PR, PSD, PTB, PRB e outras legendas reclama de “sinais trocados” enviados pelo Planalto nos últimos dias, que demonstrariam um recuo em promessas de reorganização dos cargos ocupados pela base.
Essas siglas alegam que votaram por Temer sob a condição de que teriam suas demandas atendidas de imediato. Parte delas, inclusive, ameaça abrir processos internos para punir quem se posicionou contra o presidente.
Nessa quinta, Temer consultou líderes da base sobre a possibilidade de iniciar a votação da reforma da previdencia na primeira quinzena de setembro e finalizá-la na Câmara e no Senado até o final de outubro. Há resistências entre deputados governistas tanto em relação ao conteúdo como ao calendário. O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse a aliados que será necessário “muito esforço” para cumprir o cronograma.
O Governo quer reorganizar a base, mas resiste a ideia de tirar tucanos e socialistas (PSB) dos cargos, pois quer contar com as duas siglas nas votações futuras.