No Ceará, 41.691 famílias não contam mais com o benefício do programa Bolsa Família. O corte foi realizado em julho. No país, a redução foi de 501 mil beneficiários em todo o País. É a maior redução de beneficiários da história do Bolsa Família. A queda contínua de famílias cearenses atendidas pelo programa acontece desde março, totalizando quase 70 mil benefícios.
O número atual de beneficiários no Estado – 965.342, é o menor da década. Pela primeira vez no período abaixo de um milhão. Dez municípios tiveram o maior número de benefícios cortados e Fortaleza está em primeiro lugar com 12.252 famílias, seguido por Caucaia (2.260), Maracanaú (926), Crato (749), Maranguape (722), Russas (588), Canindé (555), Tianguá (537), Itapipoca (501) e Icó (433).
Em todos os 184 municípios houve redução. Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Social afirmou que os cortes ocorreram porque as famílias não atendiam mais aos critérios de inserção do programa. Principalmente em relação à renda per capita familiar.
O diretor institucional da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Expedito José do Nascimento, conta que soube do corte no início de julho. “Já começamos a prevenir alguns municípios. Quando eles cortam é de forma geral. Estão usando a questão de fazer um recadastramento e a partir daí, cortam”, explica.
De acordo com Expedito, as famílias só sabem que não fazem mais parte do programa quando vão sacar o dinheiro. “Aí mandam ligar para a central do Bolsa Família e encaminham para a Prefeitura”, conta. Ele acrescenta que os municípios não têm como oferecer programas que possam suprir as necessidades das famílias. “No governo anterior (de Dilma Rousseff) também houve corte, mas tinha muitos critérios”.
Para o consultor econômico da Aprece, Irineu de Carvalho, o valor financeiro do corte executado em julho, de R$ 6 milhões, não afeta economicamente o Estado, mas impacta nas famílias. “No acumulado do período tem um peso diferente, afeta o comércio, além da questão social”.
O professor do curso de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fábio Maia Sobral, considera desastrosos os cortes. “Precisamos avaliar que estamos em uma época de desemprego. E mesmo sobre os que estão empregados, o Ceará tem, historicamente, um grande mercado informal”. O especialista destaca que, do ponto de vista econômico, os cortes representam “o abandono das periferias e do interior”. “O retorno da fome, da pobreza extrema, já foi sinalizado”.
Por nota, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) disse que o corte ocorreu porque as famílias não atendiam mais aos critérios de inserção do programa. Principalmente em relação à renda per capita familiar.
A pasta ressaltou que a “condução desastrosa da política econômica brasileira e a irresponsabilidade fiscal do governo Dilma Rousseff (PT) ainda geram impacto na vida dos brasileiros sobretudo da parcela mais vulnerável da população”. Segundo o ministério, existem 551 famílias aguardando a concessão do benefício.
Com informações O Povo