A pesquisa é realizada no departamento de gastronomia e já desenvolveu pratos típicos como queijo, tapioca, brigadeiro e crepe; todos com recheio de larvas e insetos.
De acordo com a doutoranda em agronomia, Cristiane Coutinho, a ideia é que a comida seja atrativa e de gosto conhecido para o público perder o “tabu”. Já nas próximas décadas, conforme os pesquisadores, o inseto será uma necessidade na alimentação global.
O estímulo à essa dieta tem como base um estudo da FAO, órgão da ONU para alimentação, que defende os insetos como uma resposta para o combate à fome no futuro, quando os atuais modelos de alimentação serão insuficientes para alimentar 9 bilhões de pessoas, população estimada do mundo para 2050.
As guloseimas foram aprovadas no primeiro teste da equipe, realizado em dezembro de 2016 em um congresso interno da UFC.
Outra vantagem citada pelos pesquisadores da UFC para estimular a alimentação com base em insetos é o baixo impacto ambiental que eles causam. Milhares deles podem ser criados até a fase adulta dentro de uma caixa, com pouco gasto e durante pouco tempo, já que eles têm um ciclo de vida curto.
A equipe alerta que não é qualquer inseto que possa ser comido. Os insetos comestíveis são criados em condições especiais de higiene. E, ainda assim, nem todos podem ser consumidos.
No Brasil, apenas duas empresas estão habilitadas a vender insetos para consumo animal, mas nenhuma para alimento humano. Na prática, explica Cristiane, os pesquisadores adquirem o material dessas empresas, por falta de uma indústria no país habilitada a esse tipo de comércio.
Além do tabu cultural, o preço do principal ingrediente para esses pratos é uma barreira. Enquanto uma carne bovina de boa qualidade pode ser adquirida por R$ 25 o quilo, o quilo do inseto é adquirido por até R$ 200.
Para Cristiane Coutinho, com a popularização desse tipo de dieta e o consequente aumento da oferta e da demanda, a tendência é que os insetos fiquem mais baratos com o tempo.
Para efeitos de comparação, a carne bovina é constituída em 24% de proteína, enquanto a dos insetos é de até 70% de proteína.